Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Uma semana antes de Muammar Khadafi, ex-presidente líbio, ser capturado e morto, o subsecretário para a África e o Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, Paulo Cordeiro, desembarcou em Trípoli, capital da Líbia. O embaixador disse à Agência Brasil que, ao conversar com autoridades do Conselho Nacional de Transição (CNT) – que governa temporariamente a região – e cidadãos, convenceu-se de que o país se “reestruturará e a razão prevalecerá”.
“Há um desejo de todos que participaram desse processo [de pressão para a saída de Khadafi] para que a Líbia dê certo. Nas conversas, o tom que predomina é o de esperança e tenho certeza de que o país se reestruturará e a razão prevalecerá, conseguindo assim se consolidar”, disse Cordeiro. “Os líbios se consideram ricos por causa dos recursos naturais [principalmente petróleo], mas sabem que precisam de apoio para fazer o que desejam.”
Enviado pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, para informar aos líbios que o Brasil quer ter uma relação de amizade e cooperação, Cordeiro disse ter se surpreendido em encontrar um país com “razoável organização em meio ao caos”. Ele contou que não percebeu falta de comida, de água nem de energia.
“As lojas abriam normalmente todos os dias, como ocorre em qualquer outra cidade do mundo, por sinal, é impressionante como há comércio de vestidos de noiva em Trípoli. Também vi ofertas de frutas, não houve falta de água nem de energia nos três dias que passei lá”, relatou o embaixador. “Claro, as pessoas estão fortemente armadas nas ruas, em muitos bairros os moradores resolveram fazer a própria segurança por desconfiança.”
Bem-humorado, o embaixador disse que a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil é “uma excelente credencial” para manter o diálogo com os líbios. Cordeiro contou ter se assustado em uma noite em que se ouviam centenas de tiros, mas logo foi informado que eram “tiros de alegria”, porque a seleção líbia se classificou na Liga Árabe para disputar os jogos mundiais.
“Ouvi muitas vezes, coisas do tipo 'em 2014, vamos nos encontrar lá no Brasil e virar essa página que estamos vivendo'”, disse Cordeiro, lembrando que as autoridades líbias cobraram do Brasil uma posição mais imediata sobre o reconhecimento do Conselho Nacional de Transição (CNT), o que só ocorreu em setembro, na 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos.
Edição: Juliana Andrade