Ministério Público pede proteção para testemunhas que denunciaram extração ilegal de madeira no Pará

25/10/2011 - 18h12

Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) pediu à Polícia Federal que garanta proteção para testemunhas que denunciaram, na semana passada, uma rota de retirada ilegal de madeira no Pará. Um dos denunciantes foi assassinado no último sábado (22).

João Chupel Primo, 55 anos, foi morto com um tiro na cabeça após denunciar a exploração de madeira ilegal da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio e da Floresta Nacional Trairão. Ele era líder comunitário da comunidade de Miritituba e trabalhava em uma oficina. De acordo com o MPF/PA, o crime tem relação direta com as denúncias que Primo fez em Altamira.

Na última quinta-feira (20), Primo esteve na sede do MPF em Altamira para pedir proteção após receber ameaças de morte. Além de ter registrado boletins de ocorrência na Polícia Civil de Itaituba, o líder comunitário fez denúncias à Polícia Federal em Santarém e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

De acordo com o MPF/PA, três procuradorias estão atuando no caso, em Altamira, Belém e Santarém. Além disso, o ministério pediu à Polícia Federal a abertura de um inquérito para investigar os crimes ambientais na região.

Segundo o coordenador da Comissão Pastoral da Terra de Santarém, Gilson Rêgo, os madeireiros usavam o assentamento como porta de entrada para as matas ainda relativamente preservadas que fazem parte do Mosaico de Conservação da Terra do Meio. “O João tinha uma terra nessa área que começou a ser invadida. Essa região é toda complicada, tem outras pessoas sendo ameaçadas, principalmente depois que foram feitas áreas de preservação e assentamentos”.

Pelo menos outras três lideranças da região estão sendo ameaçadas de morte, de acordo com Rêgo. “Eles [as pessoas ameaçadas] estão procurando o programa de proteção estadual. Os próprios procuradores que estão em Altamira solicitaram apoio a essas lideranças, pois é muito inseguro [o local onde moram]”.

Entre o fim de setembro e o início de outubro, uma operação do ICMBio, da Polícia Federal e Força Nacional atuou na região. De acordo com o coordenador-geral de Proteção Ambiental do instituto, Paulo Carneiro, o ICMBio está trabalhando contra o corte seletivo e a extração ilegal de madeira na região. Até o momento, 1.900 metros cúbicos de madeira foram apreendidos.

Segundo Carneiro, a presença desses órgãos acaba fazendo a diferença na região. “Estamos articulando um retorno dessa atividade com a Força Nacional. O nosso pessoal também está sendo ameaçado. Reconheço que temos uma presença mais reduzida agora, mas até o fim da semana que vem vamos restabelecer isso”.

A Agência Brasil procurou a delegacia da Polícia Federal em Altamira, responsável pelo caso, mas não obteve resposta.

 

Edição: Rivadavia Severo