Da BBC Brasil
Brasília - O novo governo da Líbia declarou hoje (23) a libertação formal do país, depois do fim do regime de 42 anos do ex-líder Muammar Khadafi, que morreu há três dias. A cerimônia ocorre em Benghazi, berço da revolta contra o antigo regime, diante de milhares de pessoas.
"Declaramos a todo o mundo que libertamos nosso amado país, com suas cidades, povoados, colinas, montanhas, desertos e céus", disse o funcionário do Conselho Nacional de Transição que abriu o evento.
Combatentes que lutaram contra as forças de Khadafi em Sirte, local onde o ex-líder foi morto, foram recebidos na cidade como heróis. "É a primeira vez que nos sentimos totalmente independentes de verdade. Nos livramos de nosso ditador e estamos começando nossa vida democrática", disse o porta-voz do Conselho Nacional de Transição, Mustapha Goubrania.
Muitos dos que lutaram em Sirte, cidade natal de Khadafi, foram até Benghazi participar da cerimônia.
Os corpos de Khadafi e do seu filho Mutassim, também morto na quinta-feira, foram levados para um contêiner refrigerado em Misrata e exibidos à população, que formou longas filas do lado de fora. Segundo fontes médicas, uma autópsia foi realizada neste domingo, concluindo que Khadafi morreu com um tiro na cabeça. O corpo deve agora ser entregue a integrantes de sua tribo para ser enterrado, de acordo com Goubrania.
A comunidade internacional continua pedindo uma investigação completa sobre as circunstâncias em que Khadafi foi morto.
No sábado, o comandante das forças que capturaram Khadafi assumiu a responsabilidade pela morte do ex-líder. Omran el Oweib disse que o coronel foi arrastado para fora do cano de drenagem onde ele foi encontrado, deu cerca de dez passos e caiu no chão ao ser atacado por um grupo de combatentes furiosos. El Oweib afirmou que é impossível dizer quem deu o tiro fatal no ex-líder líbio.
O primeiro-ministro interino da Líbia, Mahmoud Jibril, disse ser a favor de uma investigação completa sobre as circunstâncias da morte de Khadafi, como defende a ONU.
O Conselho Nacional de Transição anunciou que eleições serão realizadas até junho de 2012. Uma nova constituição será então redigida e votada em referendo. Um governo interino será formado até a realização de eleições presidenciais. O governo interino garante que as eleições líbias acontecerão em até oito meses
Muammar Khadafi, que chegou ao poder após um golpe em 1969, foi derrubado em agosto, após meses de combates. Milhares de pessoas foram mortas ou feridas depois da violenta repressão aos protestos que começaram em fevereiro e acabaram se transformando em uma guerra civil. Mesmo depois de ser expulso de Trípoli, Khadafi se recusou a se render ou a deixar o país, ordenando que seus seguidores continuassem lutando.