No Ibas, Dilma defende políticas inclusivas como parte da solução para crise

18/10/2011 - 11h26

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Ao discursar hoje (18) na reunião da Cúpula do Ibas, grupo de cooperação multilateral que reúne Índia, Brasil e África do Sul, a presidenta Dilma Rousseff defendeu que as três nações levem uma posição unificada à reunião do G20, que ocorre nos próximos dias 3 e 4 de novembro, em Cannes, na França.

Essa posição, na opinião da presidenta brasileira, deve ser contrária às políticas protecionistas que provoquem a guerra cambial e devem necessariamente ter a orientação de incluir socialmente as populações menos favorecidas. "Nesta Cúpula do G20, precisamos transmitir, em novembro, uma forte mensagem de coesão política e de coordenação macroeconômica. Não podemos ficar reféns de visões ultrapassadas ou de paradigmas vazios de preocupação social, em relação ao emprego e em relação à riqueza dos povos", disse Dilma.

"A grave crise financeira que hoje vivemos expõe a fragilidade da governança econômica global e as dificuldades que enfrentam as lideranças políticas que estão no epicentro da crise. Como vivemos num mundo globalizado e sofremos as consequências das turbulências do mundo desenvolvido, temos também o direito e o dever de participar da busca de soluções para essa situação de crise. Sabemos ser necessário um acordo credível entre os países europeus, para impedir que a crise fique incontrolável, afetando o mundo", destacou a presidenta.

A declaração foi feita após o encontro com o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e o primeiro-ministro da Índia, Mohamd Manmohan Singh.

Como prioridade para resolver a crise, Dilma destacou a necessidade de os países resolverem suas dívidas e fazerem os devidos ajustes fiscais.

"É prioritário solucionar o problema da dívida soberana e reverter o quadro recessivo global. É inadiável a regulamentação do sistema financeiro. É fundamental pôr fim a políticas monetárias que provocam uma verdadeira guerra cambial e estimulam o protecionismo. É importante buscar a consolidação fiscal e a solidez dos sistemas bancários", disse a presidenta brasileira.

Dilma voltou a defender uma reforma mais profunda nas instituições multilaterais com uma participação maior dos países emergentes na direção desses fóruns. Essa é uma bandeira antiga dos países do Ibas que defendem uma reestruuração do Banco Mundial (BID) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). "O Ibas está ampliando, de maneira expressiva, a voz dos países em desenvolvimento nos fóruns multilaterais e reforçando nossa capacidade de responder de modo eficaz aos desafios de um mundo em profunda transformação", disse a presidenta.

"Comprovamos que políticas macroeconômicas fiscalmente responsáveis são compatíveis com medidas ativas de distribuição da renda e inclusão social. Fizemos da rigorosa regulamentação financeira e da consolidação fiscal pré-requisitos da robustez de nossas economias. Esse legado deve se refletir no processo de reforma em curso no Fundo Monetário e no Banco Mundial conferindo aos países emergentes um poder de voto equivalente a seu peso crescente na economia mundial. As reformas acertadas em 2009 têm de ser levadas a cabo", destacou.

A participação dos emergentes na solução da crise, para a presidenta brasileira, tem importância fundamental. "Sabemos que processos recessivos jamais conduziram país algum a sair das crises e do desemprego. Temos credenciais sólidas para exigir novos fundamentos para a arquitetura financeira mundial. Nós reforçamos nossa capacidade de resistência à crise ao estimularmos o fortalecimento de nossos mercados internos incluindo socialmente nossas populações e gerando emprego", destacou.


 

Edição: Lílian Beraldo