Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Brasília - O Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco requisitou à Polícia Federal (PF) a abertura de inquérito para investigar a importação de toneladas de lixo hospitalar dos Estados Unidos por uma empresa têxtil de Pernambuco. Designada para o caso, a procuradora da República Carolina de Gusmão Furtado também abriu uma investigação administrativa para decidir se cabem medidas cíveis ambientais. As informações são da assessoria do MPF.
Ontem (17) à noite, a Polícia Civil pernambucana apreendeu em Caruaru (PE) mais 15 toneladas de tecido com a logomarca de hospitais norte-americanos. O material foi encontrado em um galpão inspecionado graças a mandados judiciais de busca e apreensão. O armazém fica no Bairro Universitário e pertence a empresa Na Intimidade, que funciona com o nome fantasia Império do Forro de Bolso.
Foi o terceiro estabelecimento da empresa onde as autoridades encontram pedaços de tecido e forros de bolso prontos para a venda com manchas que podem ser de sangue. Os retalhos também apresentam a logomarca de hospitais norte-americanos. O material guarda semelhanças com as 46 toneladas de lençóis, fronhas, toalhas de banho, batas, pijamas e roupas de bebês sujas de sangue retidas na semana passada, no Porto de Suape, em Pernambuco.
Os dois estabelecimentos que a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) já havia interditado com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ficam nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe e de Toritama, onde o tecido pode ser comprado por R$ 10 o quilo. Amostras do material recolhidas nos dois locais interditados foram enviadas ao Instituto de Criminalística para análise.
O suposto responsável pela Império dos Forros, Altair Moura, cujo nome consta em registros da empresa disponíveis para consulta na internet ainda não foi localizado. Somente com o resultado da investigação da PF o MPF irá definir que medidas deverão ser adotadas. O órgão sustenta haver indícios claros de, ao menos, três crimes: contrabando, uso de documento falso e crime ambiental.
Na sexta-feira (14), o inspetor-chefe da Alfândega da Receita Federal no Porto de Suape, Carlos Eduardo da Costa Oliveira, disse à Agência Brasil que é preciso saber se a empresa importadora responsável conhecia o conteúdo dos contêineres vindos dos Estados Unidos; se pretendia descartar o material indevidamente no Brasil ou se, mesmo tendo conhecimento da carga de lixo hospitalar, planejava usar o tecido sujo em sua produção.
Edição: Vinicius Doria