Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Depois de cinco anos mantido em cativeiro pelo grupo radical islâmico Hamas na Faixa de Gaza, o soldado israelense Gilad Shalit, de 25 anos, foi libertado hoje (18) no Egito e depois levado para Israel. A libertação só ocorreu depois de um acordo do governo de Israel com o Hamas, garantindo a libertação de 1.027 palestinos apontados como presos políticos. Com a aparência frágil e cansada, Shalit disse confiar que sua libertação leve “à paz entre israelenses e palestinos”.
Shalit foi entregue pelo Egito a autoridades no lado israelense da fronteira, onde era aguardado por parentes que não o viam desde 2006. Em troca, 477 prisioneiros palestinos foram libertados gradualmente pelas autoridades de Israel e encaminhados para o Egito - de onde serão levados para uma festa preparada pelo Hamas na Faixa de Gaza.
No total, Shalit será trocado por 1.027 prisioneiros palestinos, dos quais 477 serão soltos ao longo desta terça-feira. Entre esses, 280 haviam sido condenados à prisão perpétua pela morte de civis israelenses. Israel terá agora de cumprir a segunda parte do acordo.
Dos 477 prisioneiros, dos quais 27 são mulheres, 40 vão para o exílio na Turquia, no Catar e na Síria. Cerca de 300 retornam à Faixa de Gaza. Nos próximos dois meses, 550 prisioneiros devem ser libertados. Os nomes desses presos ainda não foram definidos.
Shalit foi capturado em 25 de junho de 2006, quando tinha 19 anos, por militantes palestinos ligados ao Hamas. Ele servia em um posto do Exército israelense na fronteira com a Faixa de Gaza. Meses depois, o Hamas assumiu a tutela de Shalit. Desde então, foram feitas várias negociações para a troca do soldado por prisioneiros palestinos. As conversas nunca progrediram.
Um ano após o sequestro, o Hamas divulgou um áudio no qual Shalit dava provas de que estava vivo. Em outubro de 2009, o soldado apareceu em um vídeo. Os pais de Shalit, Noam e Aviva, passaram a liderar um movimento para a libertação do filho, que ganhou a adesão de israelenses, que se juntaram em grandes manifestações.
Nos últimos meses, ativistas montaram um acampamento em frente à residência do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para pressionar o governo a assumir um acordo. Paralelamente, a libertação dos prisioneiros foi comemorada pelos palestinos. Um dos liberados em troca de Shalit é Tawfic Abdallah, preso com a mulher, a brasileira Lamia Maruf, em 1986, dois anos após o assassinato do soldado israelense David Manos.
A pista que levou as forças de segurança israelenses a prenderem o casal foi o fato de que o carro utilizado para o sequestro do soldado foi alugado com o passaporte brasileiro de Lamia. Apesar de ter negado envolvimento no assassinato, Lamia também foi condenada à prisão perpétua, da qual cumpriu 11 anos, até ser libertada em fevereiro de 1997, após um acordo similar ao atual.
Um dos presos que ganhará a liberdade é Husan Badran, condenado por planejar o atentado à Pizzaria Sbarro, em Jerusalém, que provocou a morte de 15 pessoas em 2001. Na relação de mortos estava o brasileiro Giora Balazs, de 68 anos. A viúva de Balazs, Flora, e sua filha, Deborah, ficaram feridas pelos estilhaços da explosão.
*Com informações da BBC Brasil e a emissora pública de rádio da França, RFI//Edição: Graça Adjuto