Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – No primeiro pregão do mês, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou hoje (3) em queda de 2,93%, com 50.791 pontos. Perdas semelhantes foram observadas nas principais bolsas europeias, que reagiram mal após o anúncio de que a Grécia não atingirá a meta de redução do déficit orçamentário.
Segundo o coordenador da área de economia aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV), Armando Castelar, como a Grécia necessita de socorro para conseguir pagar sua dívida, há um clima de incerteza sobre a solução do problema, que depende de complexos acordos políticos.
Um possível calote grego poderia, ressalta o economista, colocar os credores em dificuldades. “Há um receio muito grande de que se Grécia der um calote, isso será um problema muito grande para os bancos europeus”.
A situação da União Europeia não é, no entanto, o único risco que afasta os investidores do mercado brasileiro, de acordo com Castelar. “Há muito receio sobre o crescimento da China”. Como o país asiático é um relevante importador de commodities, uma desaceleração na sua economia provavelmente resultaria em uma significativa retração nas exportações brasileiras.
Apesar da tendência de desaceleração da economia mundial, Castelar acredita que ainda é cedo para tomar medidas que possibilitem o aumento do consumo, como o corte da taxa básica de juros (Selic). Segundo ele, o Brasil ainda sofre com fortes pressões inflacionárias no mercado interno. “Que a economia mundial vai piorar, é mais ou menos claro. Agora, se ela vai piorar o suficiente para diminuir a inflação e baixar os juros, é uma pergunta muito diferente”, disse.
Edição: Aécio Amado