Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Monumento histórico da cidade do Rio de Janeiro e ponto de visitação turística praticamente obrigatória, a Igreja da Candelária comemora neste mês os 200 anos de sua inauguração. Reunindo elementos de estilos variados, como o barroco e o art nouveau, a construção imponente chama a atenção e encanta mesmo quem passa apressado por um dos pontos mais movimentados do centro do Rio de Janeiro.
Localizada na Praça Pio X, no início da Avenida Presidente Vargas e bem perto da Avenida Rio Branco, a Igreja da Candelária é considerada uma das mais belas da cidade.
De acordo com a Irmandade do Santíssimo Sacramento, responsável pela administração da igreja, uma série de concertos está sendo programada até o fim do ano para celebrar o bicentenário. As comemorações foram abertas, na semana passada, com a celebração de uma missa pelo arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta.
Segundo a historiadora Celina Coelho de Jesus, arquivista da Irmandade, a Igreja da Candelária tem sua origem em uma construção erguida como cumprimento de uma promessa feita por Antonio Martins da Palma e sua mulher Leonor Gonçalves, devotos de Nossa Senhora da Candelária.
“O casal de comerciantes portugueses foi salvo de um naufrágio e prometeu construir uma capela com a invocação da santa, o que ocorreu entre 1600 e 1630. Mais tarde, em 1775, por conta da deterioração da estrutura, um novo templo foi erguido no local, maior, mas também dedicado à Nossa Senhora da Candelária. Esse novo templo deu origem à atual igreja, cuja inauguração oficial ocorreu em 1811”, relata Celina.
Ela acrescenta que, somente após vários anos de obras, conduzidas “num lento processo”, o projeto foi finalizado em 1898. A arquivista disse que parte dessa história é contada por meio das pinturas de João Zeferino da Costa, que ocupam o teto da igreja. Para cariocas e turistas, a igreja é uma referência. “Ainda hoje, a igreja se destaca por sua arquitetura e pelas obras de arte que guarda, como os ornatos de madeira, as portas de bronze e os vitrais. De sua construção, participaram nomes da elite da engenharia e da arquitetura da época, como Evaristo da Veiga e Antonio de Paula Freitas. Por isso, é referência na cidade e encanta tanto moradores como turistas.”
A arquivista lembrou ainda que a Candelária e seu entorno foram palco de importantes manifestações populares, como a histórica marcha pelas Diretas Já, em 1984, quando 1 milhão de pessoas participaram do evento conhecido como Comício da Candelária. Na igreja, foram celebradas inúmeras missas pelas vítimas da violência no Rio.
Foi também nos arredores da Candelária que um episódio marcou o país pela violência contra moradores de rua que dormiam quando foram atacados. Em 1993, oito moradores de rua, entre eles seis menores, foram assassinados a tiros por policiais militares, durante a madrugada. O episódio, que teve repercussão internacional, ficou conhecido como Chacina da Candelária. “Por ocupar um lugar privilegiado, no coração da cidade, ela [a igreja] tem os mais diversos acontecimentos do Rio à sua volta, alguns bons e outros ruins. Todo esse conjunto, no entanto, garante à Candelária um sentido extremamente humano”, acrescentou Celina.
Edição: Lana Cristina