Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os recentes casos de mau atendimento na rede estadual de saúde do Rio de Janeiro refletem apenas parte do caos vivido diariamente pelas equipes médicas, segundo o presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio (Coren), Pedro de Jesus. Ele atribui a queda na qualidade dos serviços públicos de saúde no estado à falta de investimentos em recursos humanos e na estrutura física dos hospitais.
Uma das situações mais críticas é a do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, no bairro de Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. De acordo com parentes, um homem de 87 anos morreu ontem (25) dentro de um carro em frente ao hospital, enquanto esperava para ser levado para a unidade de emergência. No mesmo hospital, na última sexta-feira (24), uma mulher de 60 anos, internada com infecção pulmonar, foi colocada na câmara frigorífica do necrotério, embora estivesse viva.
"Tudo isso é lamentável, principalmente porque essa situação não é restrita a uma unidade. A saúde pública vive um caos e é preciso um choque de gestão urgente”, disse Jesus. “Quando realizamos fiscalização nas unidades, é comum verificarmos que em locais em que deveria haver 50 técnicos de enfermagem e 15 enfermeiros, temos apenas um enfermeiro e, no máximo, seis técnicos. Dessa forma, é humanamente impossível atender em uma emergência.”
Para o presidente do Sindicato dos Médicos do estado, Jorge Darze, a crise na saúde estadual não é novidade. Ele também atribui os problemas principalmente, aos baixos investimentos nos profissionais e à falta de reformas e adequações nas unidades. "O que vemos são unidades degradadas, sem investimento e sem incorporação de tecnologia nova. Isso prejudica o atendimento.”
Para o governador do Rio, Sérgio Cabral, o problema é pontual, restringido-se ao Hospital Adão Pereira Nunes. Hoje (26), informou ele, foi criada uma ouvidoria no hospital para receber denúncias sobre problemas no atendimento. "A ouvidoria está lá e vamos apurar o que houve. O erro não se justifica, tem que ser apurado e [os responsáveis] punidos.”
Edição: João Carlos Rodrigues