Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O economista e ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto fez hoje (26) uma boa avaliação do desempenho do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, e da presidenta Dilma Rousseff, na condução da política econômica brasileira. No caso de Tombini, Delfim Netto avaliou que as decisões recentes do BC têm colaborado para amenizar os efeitos da crise econômica mundial no país.
“Tombini está mais afinado com a realidade monetária do mundo e com os instrumentos disponíveis para a gente operar do que todos os analistas financeiros do país”, disse Delfim Netto, ao participar do 8º Fórum de Economia, promovido pela Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo. Para ele, a decisão do BC de intervir no câmbio para tentar controlar a valorização repentina do dólar foi acertada. “Acho que sim [estamos protegidos]. O Banco Central está fazendo seu papel e dando liquidez”, avaliou. Na semana passada, o BC efetivou operações de swap cambial, que, em resumo, significam a promessa de venda de dólares no mercado futuro.
Delfim Netto acredita que, a partir de agora, o processo de volatilidade do câmbio deve continuar no país. “Não há a menor dúvida. A volatilidade não é daqui, ela está no mundo”. O economista, no entanto, não acredita que o país terá uma crise cambial, situação que ele considera pouco provável, embora ele veja que há um problema no câmbio ainda não resolvido. “Temos hoje um problema complicado que é o câmbio, que não está resolvido porque está ligado à toda a política externa. Enquanto a taxa de juros real não for igual à externa, com variações aleatórias e pequenas, não vai se resolver o problema do câmbio.”
Sobre a presidenta, o ex-ministro disse que a preocupação de Dilma em proteger o Brasil dos efeitos da crise, para não pôr em xeque o crescimento, é justificada. "Deve-se ter os dois olhos no crescimento e na inflação. A presidenta tem um pouco mais de preocupação com o crescimento, mas justificadamente. Estamos diante de uma situação mundial extremamente complicada. Os Estados Unidos não vão colocar seu negócio em ordem antes da eleição", disse, referindo-se às eleições presidenciais norte-americanas que ocorrem em novembro do ano que vem.
Edição: Lana Cristina