Argentina vai se juntar ao Brasil contra uso de câmbio por países ricos para aumentar exportações

20/09/2011 - 20h10

Da Agência Telam

Brasília - A ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi, disse que o país vai se juntar ao Brasil na proposta enviada à Organização Mundial do Comércio (OMC) pedindo o aumento de tarifas para combater possíveis desvalorizações cambiais nos países industrializados. A ministra enfatizou que o governo argentino tomará todas as medidas necessárias “para preservar o trabalho e a produção da Argentina”.

Ontem (19), o Brasil pediu à OMC a criação de mecanismos para combater a desvalorização artificial do câmbio por países que querem compensar a retração nas economias avançadas para ampliar as vendas a mercados emergentes. Para o governo brasileiro, os instrumentos atuais para prevenir práticas comerciais desleais são insuficientes.

Na abertura do primeiro congresso da União Industrial da Província de Buenos Aires, Débora Giorgi disse que os empresários “podem ter certeza de que se cuidará da indústria nacional. Nunca deixamos de defender o trabalho e a indústria argentina de forma justa”.

A ministra disse que o país “vai acompanhar o Brasil na proposta enviada à OMC de criar tarifas sobre a desvalorização de moedas”.

Em entrevista à Telam, secretário da Indústria argentino, Eduardo Bianchi, disse que a medida permite proteger o Mercosul das decisões monetárias internacionais.

Em relação ao comércio bilateral entre o Brasil e a Argentina, Bianchi disse que o governo argentino “irá sempre proteger setores produtivos sensíveis do que acontece do sudeste asiático e no país vizinho”.

“Hoje existe um acompanhamento constante das importações para detectar casos de concorrência desleal”.

Perguntado sobre a desvalorização do real brasileiro ante o dólar nos últimos meses, Bianchi disse que a Argentina "tem muitas ferramentas" para resolver este problema.

O titular da União Industrial da Província de Buenos Aires, Osvaldo Rial, disse que é “preciso acompanhar a atuação do Brasil, que tem tomado medidas pouco simpáticas”, como a desvalorização gradual do real e as recentes restrições na fronteira ao setor automobilístico argentino.“Temos que chegar a acordos e seguir pensando como parceiros regionais”.

O empresário destacou que a Argentina e o Brasil devem “estabelecer uma posição comum, sem afetar os mercados”.