Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, deverá ter papel importante na coordenação de medidas articuladas capazes de evitar uma recessão profunda na economia global, disse hoje (19) o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, ao participar do 21º Encontro de Lisboa entre as Delegações dos Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa.
“Se nenhuma ação de envergadura for tomada diante do presente cenário econômico internacional, a perspectiva cada vez mais iminente é de agravamento da crise, trazendo consequências para todos nós”, ressaltou Tombini, em discurso cujo áudio está disponível no site do BC.
Segundo ele, em 2009, o G20 adotou medidas articuladas que ajudaram a evitar recessão profunda da economia global. Tombini lembrou que a atual crise é a segunda etapa da que começou em 2008, “cujo epicentro é a situação fiscal das economias maduras”, e deixou como sequela o endividamento das economias maduras.
“As economias maduras, para evitar o colapso do sistema financeiro e incentivar a retomada do crescimento econômico, ampliaram os gastos fiscais, havendo significativo aumento das dívidas dessas economias”, disse. Nesse cenário, Tombini citou ainda que os países desenvolvidos retomaram o vigor, “compensando a lenta e irregular recuperação das economias maduras”.
De acordo com o presidente do BC, os países emergentes continuam contribuindo para o crescimento econômico, mas já começaram a sentir os efeitos da crise externa. Tombini ressaltou ainda que os países emergentes tiveram que lidar com os próprios desafios, como fluxo de capitais e pressões inflacionárias geradas por fortes aumentos dos preços de commodities (produtos básicos com cotação internacional). De um modo geral, disse ele, a atual crise deve trazer impactos nos níveis de investimento e consumo de todos os países.
Tombini falou também sobre a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, fixando-a em 12% ao ano. Segundo ele, a decisão levou em conta a crise externa e o aumento da meta de superávit primário, economia feita para o pagamento de juros da dívida pública. Tombini disse que o BC tem sido “um dos mais combativos à pressão inflacionária” e voltou a reforçar que espera pela convergência da inflação para o centro da meta de 4,5% em 2012.
O 21º Encontro de Lisboa entre as Delegações dos Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa é realizado para discutir temas da próxima reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, marcada para esta semana em Washington.
Edição: Nádia Franco