Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Em um tom otimista, ao discursar para empresários alemães, o dono do grupo OGX, Eike Batista, disse hoje (19) que o Brasil vive um momento de crescimento econômico que deve se estender pelos próximos 20 anos, mas que esbarra em "doces" problemas. Segundo ele, a falta de infraestrutura logística limita a produção. Eike citou especialmente os portos, que, para ele, apresentam mais problemas que os aeroportos.
Para o empresário, mesmo assim, o Brasil está em uma situação de expansão, "absolutamente inversa à dos americanos e à dos europeus", que "terão que apertar o cinto por, no mínimo, uma década" em decorrência da crise econômica que atinge os países.
Eike falou hoje durante o Encontro Econômico Brasil-Alemanha 2011, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) do Brasil e a similar alemã, a Bundesverband der Deutchen Industries. O evento se estende até amanhã (20) e tem o objetivo de divulgar oportunidades de negócios e cooperação entre empresários dos dois países.
O empresário lembra que, para tentar frear o crescimento econômico no Brasil, insustentado por questões de falta de infraestrutura e gerador de um processo inflacionário acima da meta estabelecida, o governo brasileiro precisou subir a taxa de juro. "Começamos a sofrer problemas de inflação por causa do crescimento excessivo e de gargalos do tipo logístico, chamados sweet problems: problemas doces de se resolver" , disse Eike, que atua no setor.
O presidente da OGX também destacou o potencial do Brasil de alimentar negócios com a Europa por ser o "mais ocidental do Brics [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]" e ter diversas semelhanças culturais em função da colonização. Ele desafiou empresários europeus a tomar decisões nos negócios de forma mais ágil que os asiáticos. "O mundo está de olho no Brasil", avisou.
Ao comentar a legislação brasileira, sem fazer referência direta à burocracia, o empresário, falando em alemão, citou a emissão de licenças ambientais e explicou que a demora se justifica para análise de danos ambientais e sociais causados por grandes empreendimentos. "O processo é demorado, mas as empresas têm de gastar mais, têm de fazer as coisas direito, têm o social envolvido", disse Eike. "As empresas só querem gastar quando começam a ganhar lucro. Aí, é muito tarde, você não vai conseguir as licenças sem o trabalho preparatório", acrescentou.
O empresário também demonstrou interesse em participar, com uma empresa alemã, da gestão de aeroportos concedidos à administração da iniciativa privada no Brasil e declarou a intenção de participar da licitação de campos de petróleo do pré-sal.
Edição: Lana Cristina