Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Entre as 22,2 mil armas de fogo recolhidas em quatro meses pela Campanha Nacional do Desarmamento, mais de 3,7 mil eram de grande porte, como espingardas, metralhadoras e até fuzis. Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a possibilidade de anonimato estimulou a entrega voluntária desse tipo de armamento.
“Há uma diferença nesta campanha, que favoreceu a entrega de armas de grande porte: garantimos o anonimato. Isso tem possibilitado que os donos dessas armas compareçam [aos postos de entrega] sem receio de serem punidos.”
De 6 de maio a 9 de setembro, o governo recebeu e destruiu 2.562 espingardas, 716 carabinas, 302 rifles, 57 escopetas, 56 fuzis, 34 mosquetões, quatro metralhadoras e três submetralhadoras. Além das armas pesadas, a campanha recolheu 18.489 armas de pequeno porte. A grande maioria, revólveres, que somaram 10.828 unidades.
Cardozo disse que o resultado dos primeiros quatro meses da campanha é satisfatório, mas evitou falar em metas de recolhimento até o fim da mobilização, em dezembro. “Quando me perguntam quantas armas queremos recolher, respondo que o maior número possível. Quanto mais, melhor. Se fosse necessário aportar mais recursos do orçamento do ministério [na campanha], o faríamos.” Segundo ele, para que um policial obtenha um resultado igual na apreensão de armas o esforço é maior e o gasto público também é superior.
A redução do número de armas de fogo em circulação tem relação direta com a queda dos índices de criminalidade, segundo Cardozo. Logo após a campanha do desarmamento de 2004/2005, quando 500 mil armas foram recolhidas, o número de mortes por armas de fogo caiu 11%, de acordo com o Mapa da Violência 2011, elaborado pelo Ministério da Justiça e o Instituto Sangari. “Há uma relação direta entre o recolhimento de armas e a redução da violência”, assinalou o ministro.
A segunda etapa da campanha, lançada hoje (12), vai usar novas peças peças publicitárias para estimular a entrega voluntária de armas. Os anúncios vão tratar de histórias reais de acidentes com armas de fogo. “Não há nada que desperte mais a consciência do que o confronto com casos da realidade. São fatos reais, tristes momentos da vida das pessoas que serão usados para derrubar o mito de que ter uma arma em casa garante segurança”, ressaltou Cardozo.
Edição: João Carlos Rodrigues