Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – No dia seguinte ao intenso tiroteio entre militares da 9ª Brigada de Infantaria do Exército e traficantes no Complexo do Alemão, ocorrido ontem (6) à noite, moradores pediam mais respeito por parte dos soldados durante as abordagens nas ruas. Sem criticar diretamente a presença das forças de segurança no conjunto de favelas, a reclamação é contra a forma ríspida que os militares se dirigiriam à população.
“A maneira de abordagem está horrível. Nós somos moradores da comunidade e eles precisam nos abordar com respeito, com bom dia, boa tarde e boa noite. Não é chegar e 'esculachar' [destratar]”, disse Ivo Rosa, que trabalha com transportes e mora na região.
O comerciante Nivaldo Bento, conhecido como Baiano, há 25 anos dono de um bar na Favela da Grota, também reclamou da atitude dos militares. “Será que eles [os soldados] não gravam a nossa fisionomia. Ficam abordando a toda hora. Aí os moradores ficam revoltados com isso, pois todo mundo vira suspeito”.
Para o pedreiro Walace Sidney, os soldados precisam aprender a lidar melhor com a população. “Eles querem mostrar poder. Mas a comunidade não quer que eles mostrem poder. Quer que eles nos mostrem segurança. Falta um pouco de experiência. Eles estão treinados para um tipo de serviço, aqui é outro”, disse Sidney, que sugeriu a utilização de efetivo mais velho, em vez dos jovens soldados, como forma de aprimorar o trabalho no relacionamento com os moradores.
O comandante da Força de Pacificação no Complexo do Alemão, general César Leme, garantiu que existe a preocupação em respeitar a população durante as ações de abordagens e revistas, mas admitiu que esse procedimento pode ser melhorado. “Aprimoramento é sempre bem-vindo. Mas nós temos a preocupação na orientação à nossa tropa de uma abordagem correta e de forma educada”, declarou o general, que já esteve no comando da tropa no Alemão por três meses e retornou recentemente para mais um trimestre.
Edição: Aécio Amado