Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Uma pesquisa feita pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região mostra que 84% dos trabalhadores tiveram algum problema de saúde com frequência acima do normal. De acordo com o resultado da amostragem, o estresse ocupa o primeiro lugar na lista, aparecendo em 65% dos relatos.
A pesquisa O Impacto da Organização e do Ambiente de Trabalho Bancário na Saúde Física e Mental da Categoria foi apresentada durante o Seminário Internacional Saúde dos Bancários, hoje (24), na capital paulista.
Foram entrevistados 818 bancários de seis instituições, entre novembro de 2010 e janeiro de 2011. Do total, 45% têm até cinco anos de profissão e 65% estão nela há dez anos. Entre os pesquisados, 5% têm ensino médio completo, 15% estão cursando faculdade, 66% têm ensino superior completo e 14% estão fazendo pós-graduação.
Do total de entrevistados, 52% disseram ter problema para relaxar por ficar sempre preocupado com o trabalho. Outros 47% informaram que têm fadiga e cansaço constante e 40% sentem dor ou formigamento nos ombros, braços e mãos.
Para 65% dos funcionários de agências a pressão excessiva pelo cumprimento de metas é um grande problema. Segundo a pesquisa, 72% dos caixas e 63% dos gerentes disseram sofrer pressões abusivas para superar metas e 42% reclamaram de sobrecarga de trabalho.
O estudo indica ainda que 42% dos bancários já sofreram algum tipo de assédio moral, 49% não sentem seus esforços reconhecidos, 44% tiveram suas dificuldades expostas no ambiente de trabalho e 31% foram chamados de incompetentes mesmo cumprindo as metas.
Segundo o secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários, Walcir Previtale, as metas e o assédio moral são as maiores preocupações dos trabalhadores do setor. “Temos defendido o fim do assédio moral e das metas abusivas, porque hoje esse é um fator de risco, além do risco de assalto e da contração de lesões. As metas e o assédio moral têm levado os bancários à depressão, ao estresse pós-traumático e à síndrome do pânico”.
Previtale ressalta que o assédio moral tem a ver com a organização do trabalho e estratégia de gestão institucionalizada pela empresa. “Elas não assumem e não vão colocar isso em um comunicado interno, mas acabam permitindo práticas de assédio moral no ambiente de trabalho e isso funciona como estratégia. Na verdade, todos são vítimas, o gerente, o chefe, os caixas, os escriturários. Para nós o responsável é o banco e é da direção que cobramos isso.”
Segundo ele, há condições de resolver esses problemas. “Temos um programa de combate ao assédio moral que foi assinado com a Federação Nacional dos Bancos em janeiro deste ano. Sabemos que o assédio moral é uma realidade, mas temos uma experiência grande e queremos que os trabalhadores se apropriem desses conceitos para que façamos um combate na origem”.
Edição: João Carlos Rodrigues