Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A cada minuto, uma criança fica cega no mundo, segundo estimativa divulgada pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica. A instituição calcula que, no Brasil, existam aproximadamente 25 mil crianças cegas. Os especialistas acreditam que 80% dos casos de cegueira no mundo poderiam ser evitados.
O Teste do Olhinho, ainda pouco conhecido pelos pais, pode detectar muitas doenças visuais ainda em fase inicial. O exame apontado por oftalmopediatras como uma técnica simples e rápida, permite o diagnóstico precoce de catarata, glaucoma congênito, opacidades de córnea, tumores intraoculares grandes, inflamações intraoculares ou hemorragias intravítreas, ainda em recém-nascidos, antes de receberem alta da maternidade.
Para o neuropediatra Saul Cypel, da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, entidade que divulga informações sobre o desenvolvimento integral das crianças de até três anos, o exame pode minimizar os impactos da doenças ao longo do tempo.
“Você pode evitar uma baixa importante da visão ou mesmo uma cegueira se tiver o diagnóstico precoce e as medidas de tratamento mais imediatas. Vamos supor que você tenha uma criança na qual você fez o diagnóstico de uma catarata congênita, quanto mais precocemente você atuar no tratamento da catarata, melhores condições de desenvolver a visão a criança vai ter”.
O teste é feito em uma sala escurecida, onde o médico ilumina o olho do recém-nascido com um feixe de luz. Caso não haja qualquer obstrução ou problema, o olho da criança reflete um brilho vermelho, parecido com o que acontece em fotografias.
Mesmo diante da relação de benefícios apontada pelos médicos, em apenas dez estados do país, o exame é obrigatório na rede pública de saúde. Saul Cypel ainda lembra que o teste que é conhecido no Brasil há quase uma década, só se tornou obrigatório para os planos de saúde em 2010.
Segunda a assessoria do Ministério da Saúde, o Teste do Olhinho está incluído na Rede Cegonha, uma campanha lançada em março deste ano, para diagnóstico precoce, tratamento e reabilitação de crianças e “a realização destes exames é incentivada pelo Ministério da Saúde logo na fase inicial de vida”.
Em nota, o ministério ainda destaca que “desde 1989, o Sistema Único de Saúde (SUS) contempla os exames capazes de identificar qualquer alteração ocular em pacientes, seja em recém-nascidos, crianças, adolescentes, adultos ou idosos” e acrescenta que “todos os exames, além do acompanhamento e assistência médica, são oferecidos gratuitamente à população pelo SUS”.
Edição: Rivadavia Severo