Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As áreas mais bem avaliadas do governo Dilma Rousseff, de acordo com a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Ibope, são as de combate à fome e à pobreza. Saúde, impostos e segurança pública foram as áreas que receberam as piores avaliações. No entanto, o que chamou mais a atenção dos pesquisadores foi a queda da aprovação à política de juros, de 43% para 29%, na comparação entre as pesquisas de março e julho.
“A confiança no governo Dilma permanece muito elevada, principalmente nas áreas de combate à pobreza, meio ambiente e combate ao desemprego”, disse o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, durante a divulgação da pesquisa, hoje (10), em Brasília.
“O curioso foi notar que o grupo que mais aprova as políticas de combate à fome e à pobreza não são os beneficiados, mas os que têm renda familiar superior a dez salários mínimos. A aprovação atinge 66% desse grupo. É aprovada também por 62% das pessoas com renda familiar de até um salário mínimo e por 58% das pessoas com renda familiar entre um e dois mínimos”, acrescentou.
As políticas de combate ao desemprego "permanecem em alta", segundo a CNI, com 49% de aprovação, apesar da queda de 9 pontos percentuais desde março, quando foi feita a primiera songagem de opinião sobre o governo Dilma. Já as políticas de meio ambiente mantiveram o índice de aprovação praticamente estável, se for levada em consideração a margem de erro da pesquisa, que é de 2 pontos percentuais. A aprovação caiu de 54% para 52%. Essa política foi mais bem avaliada nas pequenas cidades e na faixa de população mais jovem.
A mudança mais significativa se deu em relação à política de juros, cuja desaprovação subiu para 63%. Na pesquisa anterior, os índices de aprovação e desaprovação estavam empatados (43%). “Provavelmente, por causa do ciclo de alta dos juros, isso mudou consideravelmente. Agora, o nível de desaprovação deu um salto de 20 pontos percentuais, chegando a 63%, enquanto a aprovação das políticas de juros caiu para 29%”, explicou o economista
Segundo ele, as classes com renda mais elevada são as que mais desaprovam a política de juros altos do governo: 71% das pessoas com renda familiar entre cinco e dez salários mínimos e 66% dos entrevistados com renda superior a dez mínimos. A desaprovação da política de juros atinge também 71% das pessoas com formação de nível superior.
“A má avaliação das áreas de saúde, impostos e segurança pública não nos impressiona porque são áreas historicamente mal avaliadas”, disse Castelo Branco. De acordo com a pesquisa, a saúde teve aval bastante negativo (69%), empatando com tributos e impostos em termos de insatisfação.
“As pessoas perceberam que houve aumento da inflação e isso refletiu na pesquisa. A desaprovação da política de combate à inflação é mais elevada entre as mulheres [58% contra 54% entre os homens] que, em geral, são responsáveis pelas compras da família e, com isso, melhor percebem a situação”, disse o economista.
No primeiro levantamento sobre o governo Dilma, 42% dos entrevistados desaprovavam a política de combate à inflação. Em julho, esse índice subiu para 56%. A aprovação caiu de 48% para 38%.
A avaliação sobre a educação no país também mostrou inversão. Antes, 52% aprovavam, contra desaprovação de 45%. Na pesquisa divulgada hoje, a relação se inverteu. A aprovação caiu para 43% aprova enquanto 52% desaprovam. "Quem está mais preocupado são os pais de famílias [57% das pessoas com idade entre 30 e 49 anos desaprovam] e os com maior renda [66% dos que recebem mais de dez salários mínimos] e escolaridade [64% dos que possuem nível superior]”, disse Castelo Branco.
O economista, no entanto, credita o aumento dos índices relativos às expectativas negativas ao fato de ter diminuído o percentual de pessoas que não respondiam ou não se viam em condições de responder as perguntas da pesquisa. “O aumento na avaliação negativa está mais relacionado à diminuição do conjunto de pessoas que não haviam declarado opinião no levantamento de março, do que à perda de avaliações positivas”.
Segundo o economista, os rsultados refletem uma tendência normal de avaliação de um governo que começou há pouco tenpo. “O eleito inicia o ano com popularidade muito associada à vitória eleitoral. Com o tempo, essa empolgação tende a diminuir”.
Edição: Vinicius Doria