Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um ano depois do acidente com os 33 mineiros soterrados no Norte do Chile, os trabalhadores ainda buscam uma ocupação estável e muitos estão em tratamento de saúde. Do grupo, sete estão de licença médica devido a transtornos do sono e depressão, enquanto cinco se tratam de alcoolismo e 14 pediram aposentadoria antecipada por se sentirem incapazes de voltar a trabalhar.
Dos 19 mineiros que pretendem continuar trabalhando, dez conseguiram apenas atividades temporárias, como taxista, pedreiro e vendedores de frutas e verduras em feiras, enquanto quatro voltaram às minas e cinco ministram palestras sobre segurança no trabalho e motivação.
Omar Reygardas é um dos palestrantes, mas disse que gostaria de retornar às minas. "Eu sou mineiro e tenho que voltar a trabalhar numa mina", disse.
A expectativa dos 33 mineiros é arrecadar dinheiro com a venda de livros, filmes e minisséries inspiradas na história deles. Hollywood assinou contrato para rodar um filme no próximo ano. Paralelamente, alguns dos trabalhadores foram a 14 países e estiveram com autoridades.
No mês passado, 31 mineiros processaram o governo do Chile por negligência. Eles querem uma indenização no valor de US$ 540 mil para cada um. O Estado gastou cerca de US$ 22 milhões nas operações de resgate.
Em 5 de agosto de 2010 um desmoronamento na Mina de San José, no Deserto de Atacama, no Norte do Chile deixou um grupo de 33 homens - 32 chilenos e um boliviano - soterrado a cerca de 700 metros de profundidade por 70 dias. Eles sobreviveram e foram considerados “heróis nacionais”.
O acidente com os 33 mineiros acendeu a luz de alerta no mundo sobre os riscos e as ameaças da profissão. Anualmente são registradas aproximadamente 12 mil mortes, de acordo com indicadores internacionais.
A China é um dos países que registra mais acidentes com cerca de 80% de mortes. Mais de 2.400 mineiros perderam a vida no ano passado em minas chinesas, com uma média de mais de seis acidentes mortais por dia.
Segundo organizações não governamentais, esses números oficiais poderão estar muito abaixo da realidade, dado que muitas minas operam ilegalmente e há acidentes que não são comunicados por receio de sanções ou de encerramento.
*Com informações da emissora pública de rádio da França, a RFI, e a agência pública de notícias de Portugal, Lusa // Edição: Lílian Beraldo