Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A qualidade do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) foi o eixo de discussão organizada pelo programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, por ocasião da comemoração, hoje (5), do Dia Nacional da Saúde. A data é uma homenagem ao médico brasileiro Oswaldo Cruz, nascido no dia 5 de agosto de 1872, pioneiro no estudo da medicina experimental no Brasil e no tratamento de doenças tropicais.
A gestão do SUS, o seu financiamento e o acesso às unidades do sistema tomaram conta do debate. O promotor titular da Promotoria de Justiça da Defesa da Saúde (Prosus) Jairo Bisol defendeu a criação de "um modelo de gestão claro" no sistema de saúde. Para ele, o gestor de saúde "sofre pressões de natureza política de toda espécie e, já que não se consegue reformular o sistema político, é preciso pelo menos proteger o gestor das influências".
O excesso de ações na Justiça provenientes da área de saúde também prejudica o gestor no seu trabalho, segundo Bisol. "A produtividade no SUS é alta, o que não se pode dizer da qualidade, que precisa melhorar. Sem a equalização de todo o sistema, no entanto, não será possível resolver as deficiências".
Para o secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, o SUS tem vantagens sobre os sistemas de outros países porque "é descentralizado, o que dá ganhos importantes". Ele defende a definição de metas para estabelecer o financiamento da saúde e a facilitação do acesso da população ao atendimento. O ponto crítico, segundo ele, é o atendimento a parcelas mais pobres da população já que o país tem cerca de 4 mil municípios com população até 20 mil habitantes.
Já o assessor técnico do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Marcos Franco, acredita que o público deva ser mais ouvido sobre "a organização do sistema de saúde, que estamos aprendendo a fazer, para que as coisas melhorem. O Brasil tem uma dívida enorme para com os desassistidos e tem pressa em resgatar essa obrigação".
E a coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci, sugeriu, como forma de aumentar a receita na área da Saúde, obrigar os planos de saúde a remunerar o governo pelos atendimentos de seus clientes feitos no SUS. Tudo o que se fizer, segundo ela, tem a ver com "o interesse superior de um país que está vendo sua população envelhecer e se depara com a necessidade de melhorar a assistência". Inês argumenta que os planos privados estão evitando atender aos idosos, que, cada vez, mais recorrem ao SUS.
Edição: Lana Cristina