Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A falta de levantamento sobre as condições de terreno em áreas de encostas sujeitas a deslizamentos é um dos obstáculos para o efetivo funcionamento do Sistema Nacional de Prevenção contra Desastres Naturais, que o governo colocará em funcionamento até o verão, em caráter piloto.
Apenas 25 cidades brasileiras dispõem de cartas geotécnicas prontas para as áreas de risco. Essas participarão da experiência piloto. Levantamento do governo federal verificou que há, no país, 735 municípios com pelo menos cinco áreas de risco de deslizamento.
Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, a falta de levantamentos geotécnicos tem a ver com a concentração do trabalho geológico em mapeamentos para as atividades de mineração e petróleo.
Mercadante, que esteve pela manhã no programa Bom Dia, Ministro, da EBC Serviços e da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, pediu às prefeituras e aos governos estaduais que deem prioridade ao levantamento geotécnico. “Precisam ir a campo, o trabalho está atrasado”, disse.
A informação sobre as condições do solo, tais como a constituição do terreno e o risco de encharcamento, junto com a medição do volume de água da chuva e a previsão do tempo, feita por satélites e radares, são os dados que o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) vai processar para alertar sobre a possibilidade de acidentes com antecedência de duas a seis horas.
A sede do Cemaden será instalada em Cachoeira Paulista (SP), onde fica o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os dados serão processados pelo supercomputador Tupã, capaz de fazer 258 trilhões de cálculos por segundo. Apesar da capacidade instalada, ainda falta, segundo Mercadante, a elaboração de um modelo matemático que ajude a previsão de desmoronamento de terreno em lugares de clima tropical.
Por causa da grande diversidade do relevo, o país precisa de pelo menos seis modelos matemáticos originais. Segundo especialistas, as especificidades do solo e do clima não permitem utilizar fórmulas criadas no Japão, Chile, na Itália e Noruega, que já calculam riscos de acidentes naturais com neve.
Paralelamente, o governo prepara o concurso público para a contratação de especialistas em meteorologia, sensoriamento remoto, mudanças globais e modelagem computacional para trabalhar no Cemaden.
Edição: Lana Cristina