Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O número de adolescentes grávidas no estado de São Paulo passou de 148.018 casos, em 1998, para 92.812, em 2009. Uma diminuição de 37%, de acordo com um balanço divulgado hoje (26) pela Secretaria de Saúde. Entre as adolescentes de 15 anos a 19 anos de idade, a redução foi 37,8% - a quantidade de garotas grávidas caiu de 143.490 para 89.176. De 10 anos de idade a 14 anos, foram registrados 4.528 casos, em 1998, e 3.636 em 2009, um recuo de 19,7%.
A coordenadora do Programa Saúde do Adolescente, Albertina Duarte, disse que o resultado números também indica um maior número de garotas que continuaram na escola, com projetos para o futuro. “Nós sabemos que adolescentes que engravidam voltam a engravidar e nós temos uma grande dificuldade de inseri-las na escola. A escolaridade é quase rompida quando uma adolescente engravida”.
Albertina Duarte destacou que as 25 casas que atendem adolescentes no estado são centros de referência e estão em locais estratégicos, onde há mais vulnerabilidade e a possibilidade de aumento da incidência de garotas grávidas. “As casas não servem só para absorção das adolescentes e, sim, como centros de divulgação e discussão para que se criem várias políticas no entorno. O fato de termos uma Casa da Adolescente em uma cidade, mobiliza todas as outras cidades da região com ações educativas”.
A coordenadora declarou ainda que o esforço feito no estado, a fim de diminuir os casos de adolescentes grávidas, teve como foco a cultura de preservação, mudando a perspectiva da distribuição de métodos anticoncepcionais e destacando o trabalho de mudança de comportamento. “Temos oficinas de sentimentos, plantão das emoções, oficinas de nutrição, dança, oficinas para jovens mães que tenham bebês até 3 anos de idade, oficinas para meninos. Os adolescentes são atendidos por uma equipe formada por médicos, psicólogos e assistentes sociais”.
A estudante M.A. ficou grávida pouco depois de completar 15 anos de idade e disse que a primeira coisa que pensou ao descobrir que ia ser mãe foi sobre como ficaria sua vida a partir da maternidade, se daria conta de cuidar da criança. “Foi em uma única vez que não tomamos cuidado que a criança veio. Agora me sinto muito bem, e feliz. Mas sei que poderia estar aproveitando, só que tenho que ficar dentro de casa por causa da responsabilidade. No começo eu não aceitei muito a gravidez, mas, conforme vi a barriga crescendo, fui me animando a ser mãe”.
Ela, agora, só espera voltar a estudar, trabalhar e dar um futuro melhor para o filho e sair da dependência da mãe. “O que mais me assusta nessa história toda é depender da minha mãe, mas no ano que vem devo começar a trabalhar e ter meu próprio dinheiro, apesar de continuar a morar com ela”.
Para M.A., frequentar a Casa do Adolescente a ajudou a entender melhor o que está acontecendo em sua vida. “Lá eles mostram a realidade para nós. Achamos que ter um filho é fácil, mas não é. Eles mostraram para mim a responsabilidade que existe em ser mãe”, disse.
Edição: Aécio Amado