Preocupadas com restrições a brasileiros no exterior, autoridades intensificam campanhas de esclarecimento

29/06/2011 - 6h38

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O preconceito, aliado à inflexibilidade nas regras e à injustiça, assim como o desconhecimento e a desinformação são os principais motivos que levam os brasileiros a ser impedidos de entrar em vários países da Europa. A análise é da diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior do Itamaraty,  Maria Luiza Ribeiro Lopes da Silva. "Há relatos de brasileiros que tentaram comprovar que tinham dinheiro e que iam ficar hospedados em hotel, portanto que eram turistas ou viajantes, mas as autoridades estrangeiras não aceitaram os argumentos", disse ela.

Segundo Maria Luiza da Silva, o brasileiro, assim como outros grupos procedentes de países da África e da América Latina, tornou-se um imigrante em potencial para os europeus. "Sem informações adequadas e alvo de restrições já estabelecidas, o brasileiro sofre quando chega ao exterior”, acrescentou a diplomata em entrevista à Agência Brasil.

Na tentativa de reduzir as tensões, os diplomatas resolveram fazer uma campanha externa, com o apoio dos consulados e dos governos europeus e norte-americano, e interna, com a ajuda de autoridades locais. Em Minas Gerais, houve reuniões nas cidades de Governador Valadares, Ipatinga e na capital, Belo Horizonte. Procedentes desses municípios, muitos buscam oportunidades nos Estados Unidos e na Europa, mas reclamam do preconceito.

“O que nós queremos é que essas pessoas tenham conhecimento da realidade que vão encontrar no exterior e caso queiram retornar ao Brasil, tenham condições de recomeçar a vida e aproveitar as economias que fizeram fora daqui”, disse a diretora, informando que muitos voltam ao Brasil e acabam perdendo o dinheiro que conquistaram.

Os funcionários do Departamento Consular do Itamaraty foram também a Macapá, no Amapá, e a Belém, no Pará, onde vários brasileiros tentam a sorte nos garimpos da Guiana Francesa e do Suriname. Os diplomatas estiveram ainda em Goiânia devido às denúncias sobre mulheres vítimas de redes de tráfico para a Europa.

Nos próximos dias, as reuniões ocorrerão em Criciúma, em Santa Catarina, e Porto Velho, em Roraima, por causa das informações de brasileiros atraídos para atividades informais nos Estados Unidos e na Europa. “O objetivo das reuniões locais não é desencorajar a imigração,  mas esclarecer sobre o que ocorre em outros países e como evitar constrangimentos”, disse Maria Luiza da Silva.

Em agosto do ano passado, foi lançada uma cartilha, elaborada pelo Itamaraty, com orientações específicas. Inicialmente, o documento se refere apenas aos países europeus, mas o Ministério das Relações Exteriores planeja elaborar cartilha para turistas que viajam aos Estados Unidos e ao Oriente Médio. Só em 2009, foi vetada a entrada de cerca de 3 mil brasileiros na Inglaterra, 1,7 mil na Espanha e aproximadamente mil em Portugal.

Antes de viajar, quem vai para a Europa precisar estar com os documentos em dia, como o passaporte, visto e vacinas. Também deve checar as passagens para a viagem, assim como a reserva em hotéis ou, no caso de congressos, a carta-convite. É fundamental ainda que o viajante comprove dispor de no mínimo 60 euros por dia. A consulta pode ser feita pela internet (www.portalconsular.mre.gov.br).

A diretora advertiu que não basta estar com o passaporte e os documentos de entrada organizados. “Infelizmente, há uma ilusão que a falta de visto para ingresso em países europeus facilita tudo, não é verdade. Cada vez mais fazem exigências. Definitivamente os imigrantes em potencial são impedidos de entrar em determinados locais”, disse ela.

Edição: Graça Adjuto