Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Trabalhadoras domésticas e patroas divergem em relação à eficácia e aos benefícios das novas regras sobre o trabalho doméstico estabelecidas pela convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Para Maria do Rosário, 43 anos, empregada doméstica, o conjunto de normas pode melhorar a vida das trabalhadoras.
“Fiquei muito feliz, não por mim, mas por todas as minhas colegas de profissão. Aqui eu já tenho carteira assinada e sempre que preciso de qualquer coisa sei que posso contar com a minha patroa. Agora, espero que a população dê mais valor às empregadas domésticas porque eu já trabalhei em casas em que eu era muito mal tratada”, disse.
Maria do Rosário trabalha há mais de dez anos na casa da advogada Fernanda Soares, 52. Para a advogada, as novas medidas são boas e podem beneficiar um grande número de trabalhadoras.
“Elas são trabalhadoras, como qualquer outro profissional, saem cedo de casa, muitas vezes, deixam de cuidar de sua própria casa ou dos seus filhos para cuidar dos nossos, por isso, sou muito compreensiva com ela, e sei que, infelizmente, essa compreensão não ocorre em todas as casas.”
Já a doméstica Lucimara da Silva, 37 anos, acredita que as novas regras não vão mudar o dia a dia das trabalhadoras uma vez que muitas delas têm medo de cobrar seus direitos. “Acho válido a disposição em melhorar as condições de trabalho, mas não acredito que vá afetar muitas pessoas não porque as empregadas, muitas vezes, têm medo de cobrar essas coisas dos patrões.”
Sua patroa, a aposentada Isadora Martins, 67, discorda de medidas como a hora extra. “A gente trabalha o dia todo e não tem como controlar se realmente não deu tempo de realizar todo o serviço. Já tive várias empregadas. Muitas delas ficavam enrolando no serviço e, depois, faziam tudo correndo para ir embora logo”, afirmou.
Ela disse ainda que apoia medidas como assinar a carteira e acredita que as trabalhadoras devam receber um salário justo, entretanto, critica algumas trabalhadoras que, segundo ela, se aproveitam da boa-fé das patroas. “Elas também têm que ter bom senso. Muitas se aproveitam da falta de pessoas no mercado para abusar da nossa paciência. Hoje, eu tenho uma pessoa de extrema confiança há mais de três anos, mas foi difícil encontrar alguém que realmente quer trabalhar”, disse a aposentada.
A convenção da OIT sobre trabalhadoras domésticas foi aprovada na última semana e, para ter validade, é preciso que dois países a ratifiquem.
Edição: Lílian Beraldo