Da BBC Brasil
Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o responsável pelo ex-ativista italiano Cesare Battisti não ser extraditado para a Itália, disse hoje (15) o ministro das Relações Exteriores do país, Franco Frattini.
"Quem errou foi única e exclusivamente o então presidente Lula, que cometeu um erro gravíssimo", disse Frattini à TV estatal italiana.
O ministro afirmou que o governo italiano vai apresentar argumentos jurídicos claros à Corte Internacional de Haia, onde pretende recorrer da sentença do Supremo Tribunal Federal.
A liberação de Battisti no dia 8 de junho provocou duras reações das autoridades e de parentes de vítimas de extremismo na Itália.
Antes de levar o caso a Haia, o governo italiano pretende recorrer ao Comitê de Reconciliação até o dia 25 de junho.
O comitê foi criado com base no tratado entre a Itália e o Brasil assinado em 1954 e tem um prazo de quatro meses para emitir um parecer sobre o caso.
Se este recurso não for aceito, o governo italiano poderá então recorrer à Corte Internacional. "Levaremos argumentos claros, a partir da evidente violação do tratado bilateral", disse o chanceler italiano.
Franco Frattini negou que a decisão brasileira possa ter tido relação com uma fraca influência da Itália no atual cenário político internacional. O ministro defendeu o governo italiano, acusado de não ter feito pressão sobre as autoridades brasileiras.
"Este caso não devia ser resolvido com pressões políticas mas sim no respeito pelo direito internacional e do Tratado Itália-Brasil", disse. "Talvez outros países estejam acostumados a fazer frequentes pressões políticas. Nós não", completou.
O ex-ativista político foi condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana, acusado de participação em quatro assassinatos entre 1977 e 1979, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo. Ele nega as acusações.
Battisti chegou ao Brasil em 2004, após viver por mais de dez anos na França. Em 2007, foi preso no Rio de Janeiro e ficou detido em um presídio de Brasília até a semana passada, quando foi solto após decisão do Supremo Tribunal Federal.