Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chegam a levar dois meses para conseguir fazer uma perícia médica. O bancário Danilo Fagundes, por exemplo, só conseguiu marcar a perícia dois meses depois de entrar com o pedido de auxílio-doença. Na data da realização da perícia, ele já estava de volta ao trabalho.
“Como eles fazem uma perícia de um fato que aconteceu há 60 dias? Fica complicado até para os médicos. Já fui aos postos do INSS seis vezes para tentar resolver o problema, mesmo a minha empresa marcando com antecedência essas visitas. Lembrando que esses horários marcados nunca são cumpridos”, afirmou. “Eu fico pensando em uma pessoa que está doente, em estado terminal, e marcam para 30 dias depois, ela pode até morrer antes de fazer a perícia”.
Osias Medeiros, carpinteiro, estava recebendo o auxílio-doença e, quando foi agendar uma nova perícia, ficou sabendo que o benefício havia sido cancelado. Ele recebia o auxílio há oito meses por ter sofrido um acidente de moto. “Tive que começar tudo do zero. A principal dificuldade que tive foi na hora de remarcar a perícia, que demorou mais de dois meses. Acho que deveria ter mais funcionários, porque hoje, por exemplo, tem 22 mesas e só dez pessoas trabalhando [no posto de atendimento do INSS em que ele estava]. Já tem mais de uma hora que estou aqui esperando para ser atendido”, relatou o carpinteiro enquanto esperava para resolver o problema.
Já a funcionária pública, Selma Cavalcante, não teve problemas para conseguir fazer a perícia. Ela está afastada do trabalho, mas não quis dizer qual era o motivo, e foi fazer a perícia para poder receber o auxílio-doença. “Por enquanto, não tive nenhum problema com atendimento. A assistente social do meu serviço já tinha agendado tudo. Mesmo assim, hoje é a segunda vez que eu venho porque, na primeira, não tinha feito o procedimento."
O presidente do INSS, Mauro Luciano Hauschild, disse que, nos casos de necessidade de nova perícia, o instituto assegura o benefício até sair o resultado da avaliação. Segundo dados do INSS referentes a abril, há 3.333 médicos peritos em atividade no Brasil e, no período, eles fizeram 581.154 perícias – numa média de 174 perícias mensais por médico – sendo que o instituto recebeu 700 mil pedidos de beneficiários no mês. No acumulado do ano, até abril, foram feitas 2,59 milhões de perícias no país.
Edição: Lana Cristina