Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O volume de vendas de etanol hidratado (usado como combustível) teve queda de 9,5% nos primeiros quatro meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. O dado foi divulgado hoje (8) pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), que representa 18 mil postos de gasolina em todo o país.
Segundo o Sindicom, as vendas do etanol tinham apresentado alta de 2,4% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado. No entanto, em abril, houve uma queda de 60% nas vendas em relação a igual mês do ano passado. O motivo é a alta no preço do combustível nos últimos meses. Segundo o Sindicom, em abril deste ano, o etanol não se mostrou competitivo em relação à gasolina em nenhum estado, nem mesmo nos produtores. O etanol é considerado competitivo quando seu preço é, pelo menos, 70% menor do que o da gasolina.
Mas, após a queda das vendas em abril, o etanol se recuperou em maio (os números ainda não estão fechados). “Agora, com a queda dos preços do etanol, é natural que o consumidor volte a abastecer com o etanol”, disse o presidente executivo do Sindicom, Alísio Vaz.
Como a safra de cana-de-açúcar não crescerá de forma significativa neste ano, o sindicato teme que o aumento do consumo do biocombustível se prorrogue por muito tempo. Se isso ocorrer, grande parte da produção de etanol poderá ser destinada à produção de combustível (hidratado) e poderá haver falta de álcool anidro, isto é, aquele que é misturado à gasolina. Normalmente, 25% da gasolina são compostos por etanol anidro.
Segundo Vaz, para que não haja risco de desabastecimento de etanol anidro, é preciso que as vendas de etanol hidratado caiam 5% neste ano. “Os produtores informam que a oferta dessa safra será em torno de 23 bilhões de litros. Para atender ao crescimento da frota de veículos, essa demanda tem que ser atendida com um volume restrito de hidratado, para que o restante do etanol seja anidro e possa abastecer a necessidade dos veículos com gasolina”, disse.
Para Vaz, é preciso que haja planejamento de estoques de etanol. Ele também defende que a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) cobre a celebração de contratos de longo prazo entre produtores de álcool e os distribuidores de combustível, a fim de que isso possa restringir a produção de etanol hidratado.
Segundo dados divulgados hoje pela Sindicom, referentes ao primeiro trimestre deste ano, houve aumento de 3,7% do mercado de combustíveis, em relação ao mesmo período de 2010. As vendas de gasolina cresceram 7,6% e as de querosene de aviação, 12,1%. Em 2010, o mercado cresceu 8,7%. A expectativa, para Vaz, é que, neste ano, haja um crescimento de 5% a 7%, devido ao aumento da frota de veículos.
Edição: Juliana Andrade