Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Depois da prisão de cerca de 600 militares do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro que participaram da invasão ao quartel geral da corporação na noite de ontem (3), os bombeiros em serviço iniciaram na manhã de hoje (4) uma operação-padrão. Eles anunciaram que só vão sair dos quartéis para atender chamados de extrema urgência, como acidentes graves de trânsito ou incêndios de grandes proporções. Nas praias, no entanto, há bombeiros nos postos salva-vidas. Nos aeroportos os postos também não foram abandonados.
Ao chegarem à Corregedoria Interna da Polícia Militar, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, os bombeiros presos foram levados para um campo de futebol, onde todos colocaram as mãos na cabeça e, num gesto de protesto, formaram a palavra SOS no campo, estendendo uma bandeira do Brasil dentro da letra O. Depois, eles fizeram uma reunião e decidiram voltar para dentro dos 14 ônibus que os levaram para o local.
A reunião do governador Sérgio Cabral com o comando dos bombeiros, o vice-governador Luiz Fernando Pezão e o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, iniciada por volta das 8 horas, dura mais de quatro horas e segundo o presidente da Associação dos Bombeiros Militares do estado, Nilo Guerreiro, a categoria aguarda com grande expectativa o fim da reunião e o pronunciamento oficial do governo do estado sobre a crise na corporação.
“Não há muito que fazer enquanto o governador não se pronunciar. Temos que saber em quais artigos os companheiros presos serão enquadrados e se o canal de negociação do governo com os bombeiros continuará aberto. Enquanto isso, posso dizer que toda a classe está unida e que temos a solidariedade de todos os companheiros. Nos quartéis há faixas de apoio à nossa luta por melhores condições de trabalho e reajuste salarial”, disse.
Sobre a invasão ao quartel geral dos bombeiros, na noite de ontem, Nilo Guerreiro avaliou que foi uma decisão do Grupamento Marítimo, segundo ele, a ala mais radical da categoria. “Saímos da manifestação em frente à Assembleia Legislativa, no centro da cidade, e fomos em passeata até a frente do quartel, também no centro, mas a intenção inicial não era invadir. Agora, temos que tentar um acordo com o governo para não encerrar as negociações”, lamentou Guerreiro.
Em nota divulgada na manhã de hoje, o Comando-Geral do Corpo de Bombeiros esclareceu que a rotina de atendimento à população não foi alterada e que os postos de salvamentos dos Grupamentos Marítimos, quartéis, unidades de atendimento de urgências e emergências (Samu/GSE) e serviços de combate a incêndios e desabamentos estão operando normalmente.
“Os substitutos dos bombeiros detidos pela Polícia Militar já assumiram seus postos desde o início da manhã na troca normal de plantões”, finaliza a nota.
Edição: Fernando Fraga
* Atualizada às 13h56 para corrigir informação