Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A oposição definiu duas frentes de atuação no caso de denúncias publicadas na imprensa sobre possíveis irregularidades na evolução patrimonial do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Hoje (24), após uma reunião das principais lideranças na Câmara e no Senado, foram encaminhadas ao Ministério Público duas representações para que as denúncias contra o ministro sejam investigadas.
O PSDB, o DEM e o P-SOL querem a apuração de denúncias sobre a destinação, por emenda ao Orçamento, em 2008, do então deputado Antonio Palocci (PT-SP), de R$ 250 mil à Fundação Feira do Livro de Ribeirão Preto, em São Paulo. Segundo os oposicionistas, a entidade beneficiada tinha como vice-presidente Heliana da Silva Palocci, cunhada do atual ministro.
Outra representação entregue à Procuradoria-Geral da República pede investigação de uma “operação financeira suspeita” na compra de um imóvel de empresa que estava sob investigação policial. Conforme as denúncias, a aquisição foi feita pela empresa Projeto Consultoria Financeira Econômica Ltda., de propriedade do ministro, e a transação, detectada pelo Conselho de Atividades Financeiras (Coafi), que encaminhou relatório à Polícia Federal.
A oposição tem apresentado requerimentos em comissões da Câmara e do Senado de convocação do ministro e de pessoas envolvidas nos casos denunciados. Além disso, o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), informou que a oposição insistirá na abertura de uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que permita a investigação das denúncias contra o ministro.
Nogueira disse que, além dos 17 senadores da oposição, há possibilidade de parlamentares da base, especialmente do PDT e do PMDB, assinarem o requerimento para abertura da CPMI, que deve contar com o mínimo de 27 apoios. Segundo o deputado, tais senadores estão “insatisfeitos” com o governo.
Entre os peemedebistas, apenas Jarbas Vasconcelos (PE) assinou o requerimento, até agora. Apesar de integrar um dos principais partidos da base, Vasconcelos é um sistemático opositor ao governo petista desde a administração de Lula.
Para Duarte Nogueira, a dificuldade está na coleta de assinaturas na Câmara dos Deputados. “Lá precisaremos de um trabalho mais intenso”. Ele disse, porém, a insatisfação da base com o governo e a discussão do Código Florestal e de outros projetos, “impostos de forma autoritária”, poderão ajudar a conseguir mais apoio entre os governistas.
Edição: Nádia Franco