Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou hoje (23) apoiar o nome de um brasileiro para substituir o ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Dominique Strauss-Kahn, que renunciou na semana passada, após ser acusado de ter agressão sexual a uma camareira de um hotel nos Estados Unidos.
Para Mantega, o sucessor de de Strauss-Kahn deve ser um membro do G-20, grupo das 20 maiores economias do mundo – um ministro da Economia ou presidente de Banco Central que mantivesse as reformas que vinham sendo implementadas no fundo.
“O ideal é [provisoriamente] alguma pessoa experiente, que já participa desse processo [de mudança no FMI]. Algum membro do G-20, que tem acompanhado pari passu todos os problemas da economia mundial e tenha ajudado a encontrar soluções.”
Para Mantega, o novo diretor-gerente deve ser alguém que dê continuidade às experiências de mudança, alguém também em condições de conduzir “um processo mais amadurecido”, de modo a escolher a pessoa que ficaria à frente da instituição nos próximos anos. “Por enquanto, não há nenhum brasileiro com essas características”, disse o ministro.
O Brasil quer um tempo maior no processo de escolha do novo dirigente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, por enquanto, não defende as candidaturas até agora apresentadas. No fim de semana, o México apresentou a candidatura de Agustín Carstens, presidente do Banco Central mexicano, à direção do fundo. Mantega não quis comentar a candidatura do Carstens.
“Queremos saber quais as propostas. Porque, até prova em contrário, todos são bons candidatos. O que diferencia um do outro são as propostas e se vão continuar as reformas, se vão levar em consideração o peso dos países emergentes”, disse.
De acordo com Mantega, o governo brasileiro vai defender candidatos que mantenham o apoio à maior participação acionária dos emergentes e à forma como esses países participam das decisões do Fundo. “[Precisamos saber] se nós vamos ter a segurança de que o FMI não vai retroceder ao passado, quando ele não era eficiente e representativo!”, ressaltou o ministro.
Mantega não considera problema o processo para escolha do novo dirigente do FMI ser mais demorado, mesmo em um momento crítico da economia mundial, com os países da Europa enfrentando turbulências devido ao risco de não ter condições de pagar suas dívidas. Para ele, além de ser a melhor saída, a demora no processo de escolha não enfraqueceria o dirigente que ficasse temporariamente no cargo.
Mantega disse que a presidenta Dilma Rousseff tem acompanhado com atenção o processo de escolha do sucessor de Strauss-Kahn. “Conversei com a presidente. Ela tem acompanhado as indicações e a posição do governo brasileiro é esta que estou apresentando. Nós não temos um candidato brasileiro em vista. Nós poderíamos ter um bom candidato brasileiro e [ser] um mau candidato brasileiro”, afirmou.
Para Mantega, o mais importante é ser um bom candidato, independentemente de nacionalidade. “Para nós, o mais importante que preencha as condições”.
Edição: Nádia Franco