Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Representantes do movimento negro, de organizações não governamentais e de órgãos públicos como a Fundação Palmares e o Ministério da Cultura participam na noite de hoje (13) de uma caminhada, seguida de feijoada, na zona portuária do Rio de Janeiro. O objetivo da caminhada, com início previsto para as 18h, é chamar a atenção da população para a importância da criação na área do Memorial da Diáspora Africana.
As recentes escavações feitas na região para as obras do Porto Maravilha, como é chamado o projeto de revitalização do Porto do Rio de Janeiro, propiciaram a descoberta do sítio arqueológico do Cais do Valongo, fato que injetou ânimo nos militantes do movimento negro. De acordo com o historiador Carlos Eugênio Líbano, que há dez anos pesquisa a chamada “Pequena África” – área do centro do Rio hoje conhecida como zona portuária – o Valongo é fundamental para o resgate da diáspora africana nas Américas.
“O Valongo foi o único cais do Brasil construído especificamente para receber escravos, e isso num momento em que outros países já haviam abandonado o tráfico negreiro”, disse. Ele lembra que o Brasil foi o país que mais recebeu escravos africanos em todas as Américas, cerca de 4 milhões, e a maior parte deles foi desembarcada no Rio de Janeiro.
Ainda segundo Libanio, o termo Pequena África, para designar essa área do centro da cidade, vem do fato de que o Rio, diferentemente da Bahia, recebeu escravos de todo o Continente Africano.
A pedra fundamental do Memorial da Diáspora Africana foi lançada no dia 21 de março deste ano, com um ato simbólico promovido por dezenas de organizações governamentais e não governamentais no sítio arqueológico. Desde então, sucessivas reuniões foram feitas, com a participação da Fundação Palmares, para debater a construção do memorial, dentro das obras do Porto Maravilha.
Edição: Aécio Amado