MiniCom quer R$ 26 milhões do Orçamento para concluir implantação de telecentros

13/05/2011 - 19h20

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O país deverá ganhar mais 8.934 telecentros comunitários. O Ministério das Comunicações (MiniCom) está negociando com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a liberação de R$ 26 milhões para a compra dos equipamentos, que ainda não têm previsão de instalação.

Com a aquisição dos equipamentos, kit de 11 computadores de uso livre (sendo um servidor), o país terá 22 mil telecentros – incluídos aí 6.610 kits instalados em 5.485 municípios (98,57% das cidades brasileiras), além dos pontos de Cultura (instalados pelo Ministério da Cultura) e dos telecentros.br (criados pelo Ministério do Planejamento), atualmente sob a responsabilidade da Secretaria de Inclusão Digital, criada pelo governo no mês passado.

A formulação das políticas de inclusão digital ocorre no mesmo momento que o governo finaliza o Plano Brasil sem Miséria, a ser anunciado ainda este semestre pela presidenta Dilma Rousseff. “Não sei se vai estar maduro para o momento do lançamento. Não sei se [a inclusão digital] constituirá um programa específico ou será um instrumento de apoio às linhas [do Brasil sem Miséria]”, disse o ministro interino das Comunicações, Cezar Alvarez, à Agência Brasil após participar do debate Inclusão Digital e Erradicação da Miséria, no 4º Congresso Internacional de Software Livre e Governo Eletrônico (Consegi), em Brasília.

Para o professor Marcelo Knörich Zuffo, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, promover o acesso de pessoas pobres ao computador, especialmente entre as crianças em idade escolar, é uma estratégica excepcional para enfrentar a miséria. “As crianças são portadoras de futuro e de esperança”, disse antes de dizer que a inclusão digital esbarra nas dificuldades de compreensão cognitiva por causa do analfabetismo funcional; na baixa autoestima da população, que é marginalizada; e nos problemas de instalação elétrica das escolas, que inclui precária rede elétrica e a falta de tomadas para ligar os computadores nas salas de aula.

Zuffo crê que as políticas públicas de inclusão digital têm “foco” na banda larga, (para acesso das classes emergentes), mas é preciso “descer mais fundo” e tratar de “problemas fundamentais do país”. O professor sentencia que “a quantificação da miséria de um país é proporcional à vulnerabilidade de sua democracia”.

Segundo o secretário executivo da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), André Luiz Lazaro, o acesso à informação passou a ter “status de direito” e o governo tem visão ampla nas políticas sociais. “Para o governo, pobreza não é apenas a ausência de renda, mas também ausência de acesso a serviços públicos e acesso à inclusão produtiva”, avaliou durante o debate.

Lázaro espera que, além de tornar o computador uma ferramenta disponível para mais pessoas, seja feita a inclusão pensando nos segmentos mais vulneráveis, como as mulheres negras e os portadores de necessidades especiais, e nas regiões mais carentes. “A singularidade da pobreza não é igual em todo o país”, afirmou antes de reclamar que menos de 5% dos sites oficiais, inclusive da SDH, têm mecanismos para permitir acessibilidade de cegos.

O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) lança no próximo mês o aplicativo Liane TTs que funciona como sintetizador de voz, lê textos e gera arquivos MP3 permitindo acesso à informação pelas pessoas que têm problemas de visão e dificuldades graves de audição.

 

Edição: Aécio Amado