Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A demanda gerada pelo aumento de 4% do consumo de bens manufaturados no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2010, foi atendida principalmente por produtos importados. Foi o que mostrou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao divulgar hoje (9) os coeficientes de Importação e Exportação calculados para os três primeiros meses do ano.
Os coeficientes mostram que 64,1% da expansão do consumo foram atendidos por produtos importados e 35,9%, pela produção nacional. Em comparação com o crescimento do consumo, a produção nacional aumentou 2,3% e as importações, 12,9%.
“A indústria brasileira não está conseguido capturar o crescimento do consumo doméstico para o aumento da produção nacional, para o aumento do emprego nacional e expansão das nossas indústrias”, analisou o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca.
O coeficiente de importação teve alta de 1,7 ponto percentual no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2010, e chegou a 21,6%. Já o coeficiente de exportação, a parcela que o Brasil vende para o exterior em relação ao que a indústria produz, aumentou apenas 0,4 ponto percentual e ficou em 17,5%.
A elevação do índice de importações ocorreu em 26 dos 33 segmentos pesquisados. No ramo de artigos de vestuário, houve um aumento de 6,6% no consumo aparente, que foi em 74,3% atendido pelas importações. No setor de máquinas e equipamentos para indústria, a demanda se expandiu 18,5% e foi 82,4% suprida por produtos de outros países. “É uma pena que esse pujante crescimento aparente no Brasil esteja se tornando mais benéfico para os estrangeiros do que para os brasileiros”, reclamou Giannetti.
As vendas de produtos industrializados brasileiros para o exterior apresentaram alta em 15 dos 33 setores analisados. O índice de exportações foi influenciado pelos segmentos de tratores e máquinas para agricultura (alta de 8,1 pontos percentuais, para 33,3%), equipamentos para extração mineral, (aumento de 7 pontos percentuais, para 29%) e siderurgia (elevação de 5,5 pontos percentuais, para 20,5%).
Para reverter a tendência atual e evitar que a indústria brasileira continue perdendo espaço no mercado interno, Giannetti defendeu a elaboração de uma política industrial com incentivos para o setor. Entre os pontos mais importantes, o diretor da Fiesp destacou a redução dos custos tributários e a desoneração da folha de pagamentos. “Nós temos que adequar os nossos custos industriais a um padrão internacional para voltarmos a ser competitivos com os produtos importados”.
Edição: Lana Cristina