Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em 2009, as trabalhadoras domésticas brasileiras tinham um rendimento R$ 78,55 menor que o salário mínimo de então, cujo valor era R$ 465. As informações são de um estudo divulgado hoje (5) sobre o perfil das trabalhadoras domésticas, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).
Os dados têm como base a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad) de 2009, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o estudo, as trabalhadoras domésticas recebiam em média R$ 386,45 naquele ano. O Ipea mostra ainda que há diferença entre a remuneração das trabalhadoras brancas e negras. As brancas recebiam, em média, R$ 421,58 e as negras, R$ 364,84. Outro dado relevante é que as mulheres representam 93% dos trabalhadores domésticos e os homens são 7% deles.
Entre as mulheres trabalhadoras, mais da metade, 61,6%, eram negras e, para esse grupo, o trabalho doméstico representava 21,8% da ocupação feminina. No caso das mulheres brancas, 12,6% delas estavam no trabalhado doméstico.
Além de receber menores salários do que as trabalhadoras brancas e de serem maioria entre as domésticas, poucas das mulheres negras tinham Carteira de Trabalho assinada. Entre as negras, 24,6% das trabalhadoras tinham emprego formalizado, sendo que, entre as brancas, esse número representava 29,3%. Outro dado importante do estudo é que apenas 30,1% das trabalhadoras de ambas as raças contribuem para a Previdência Social.
No ano analisado, a jornada de trabalho das domésticas era 58 horas semanais em média. Parte dessa jornada era dividida entre 35,3 horas ao exercício profissional e 22,7 horas aos cuidados com a casa e a família.
De acordo com a pesquisa, tem diminuído o número de adolescentes e jovens que participam do trabalho doméstico. Em 2009, existiam cerca de 340 mil crianças e adolescentes de 10 a 17 anos ocupadas, o que equivalia a 5% do total de trabalhadoras. As jovens de 18 a 24 anos representavam 11%. Já as mulheres acima dos 45 anos eram um terço das trabalhadoras domésticas.
Segundo a pesquisadora do Ipea responsável pelo estudo, Luana Pinheiro, uma das conclusões é que, com o aumento da idade das trabalhadoras e a redução do número daquelas que entram para a profissão, as famílias terão de se reorganizar para realizar os trabalhos domésticos.
“O impacto dessa redução para as famílias é que elas terão que redistribuir os afazeres domésticos. Para o Estado, esse impacto vai se dar na formação de políticas públicas. Isso porque as trabalhadoras domésticas cobrem uma lacuna deixada pelo Poder Público. Não há creche para todas as crianças, por exemplo. Por isso é necessário ter uma pessoa que cuide da criança em casa”, explicou.
Edição: Lana Cristina