Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Considerado um dos maiores fotógrafos brasileiros, atuante aos 74 anos de idade e com 54 de carreira, Walter Firmo estará até o dia 25 de junho, na galeria do Espaço Cultural Ateliê da Imagem, no Rio, com a mostra individual Véus. São 20 fotografias em preto e branco que revelam um lado intimista do profissional, consagrado por um repertório que retrata, em imagens coloridas, personagens e cenas dos subúrbios, costumes e festas populares.
A exposição tem curadoria de Claudia Buzzetti e Patricia Gouvêa, que pesquisaram o acervo de Firmo e optaram pela escolha de imagens mais silenciosas e reflexivas. Grande parte da mostra é composta por fotografias de médio formato, pouco divulgadas, quando não completamente desconhecidas, produzidas em épocas diversas. Há ainda imagens inéditas, resultado de uma recente viagem do fotógrafo à Bahia.
“Foi Walter quem me apresentou o Brasil das festas populares, dos detalhes, gestos e delicadezas do cotidiano”, diz Patricia, que teve em Firmo seu primeiro professor de fotografia. A curadora quis retribuir o aprendizado organizando uma exposição no Ateliê da Imagem, onde o fotógrafo leciona desde a fundação do espaço cultural, em 1999. “Eu e Cláudia Buzetti propusemos e ele topou o desafio de uma exposição com o Firmo que pouco se revela, criando um estranhamento, para que pudesse ser visto com olhos frescos”, explica.
No texto que escreveu sobre a exposição, Walter Firmo define Véus como “a linguagem de um redescobrimento que eu intuía e procurava. Sombrio patamar onde me debruço recolhendo meus pedaços na beira de tantas estradas estreitas, bifurcadas, sem acostamento, quase sempre empoeiradas e cheias de buracos”. Para o artista, as fotos da exposição são “resquícios de ‘um ano passado em Marienbad” ou de uma ‘Pasárgada’ – onde sou filho do rei, mesmo que ele seja feio e desdentado, totalmente descolorido”.
Carioca do bairro de Irajá, nascido em 1937, Walter Firmo iniciou sua carreira em 1957, como fotógrafo do jornal Última Hora. Trabalhou depois no Jornal do Brasil e integrou a primeira equipe da revista Realidade, lançada em 1965. No fotojornalismo, foi ainda correspondente em Nova York da editora Bloch e trabalhou para as revistas Veja, Isto É e Caros Amigos. Atuou na área da publicidade, sobretudo para indústria fonográfica, retratando importantes músicos brasileiros, como Cartola, Pixinguinha e Clementina de Jesus.
Detentor de vários prêmios nacionais e internacionais, desde os anos 80 tem seus trabalhos expostos em galerias e museus e publicados em livros. Além de lecionar em faculdades e coordenar oficinas em todo o Brasil, Walter Firmo foi diretor, entre 1986 e 1991, do Instituto de Fotografia da Fundação Nacional de Arte (Funarte).
A exposição Véus pode ser vista gratuitamente. A visitação é de segunda a sábado.
Edição: Lana Cristina