Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A concessão parcial de aeroportos brasileiros à iniciativa privada deve atrair o interesse de muitas empresas. Essa é a previsão de especialistas em infraestrutura aeroportuária, que veem na exploração comercial dos terminais de embarque e desembarque de passageiros uma oportunidade de lucros ainda mal aproveitada pelo Poder Público.
Segundo Arlindo Eira Filho, diretor da consultoria McKinsey, que fez um estudo sobre a necessidade de investimentos em aeroportos nacionais, entre 20% e 25% das receitas geradas nos terminais brasileiros vêm do aluguel de lojas e quiosques. No exterior, esse tipo de atividade é responsável por 50% do faturamento das administradoras de aeroportos.
Para ele, portanto, existe um mercado ainda pouco explorado no Brasil e que as empresas privadas podem desenvolver. “Você tem, no aeroporto, um monopólio comercial que você não tem em um shopping center. Você não vê um passageiro saindo do aeroporto para ir consumir em outro lugar”, disse ele, mostrando uma das vantagens em se investir nos terminais, ao participar hoje (27) de um seminário sobre aeroportos, em São Paulo.
Além dele, o engenheiro e professor da Universidade de São Paulo (USP), Jorge Eduardo Leal de Medeiros, foi um dos debatedores no evento e também destacou o interesse privado nos terminais. “As empreiteiras vão pular em cima disso como uma pessoa morrendo de sede no deserto”, brincou.
Medeiros ratificou que a exploração comercial dos terminais pode gerar receitas consideráveis ao administrador do aeroporto. Para ele, porém, a história já mostrou que a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), atual responsável pelos terminais, não é capaz de aplicar essa receita nas obras necessárias para modernização dos aeroportos nacionais.
“A experiência passada mostrou uma incapacidade da Infraero de ampliar a capacidade do aeroportos”, afirmou. “Então, nós temos que colocar capital privado.” O engenheiro afirmou ainda que, com a entrada da iniciativa privada, há condições de se deixar os aeroportos prontos para a Copa do Mundo de 2014. “Você faz um terminal em um ano”, disse.
Edição: Lana Cristina