Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O temporal que atingiu a região metropolitana do Rio na noite de ontem (25) e na madrugada de hoje (26) levou pânico aos moradores do Morro São João, na zona norte da cidade, próximo ao Morro dos Macacos. Uma casa foi destruída pela força da água e deixou uma criança ferida. Na comunidade mais moradias ameaçam desabar.
Os moradores do morro, que foi recentemente contemplado com uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), reivindicam mais ações sociais, com a realocação de famílias que moram em áreas de risco.
Na localidade batizada de Matinha, a maior parte dos barracos é feita de chapas de madeira, sem assoalho e sem acesso à água potável. Muitos foram erguidos logo abaixo de rochas que ameaçam cair ou junto a encostas.
Construída em um terreno íngreme, a casa de Rafaela Pereira dos Santos não resistiu ao temporal e desabou, deixando ferida uma criança. “Chovia muito e tinha muita água acumulada. De uma hora para a outra o barraco caiu”, disse, ainda assustada, em meio ao que sobrou de sua residência.
Por causa da última chuva, a maioria dos imóveis da localidade já apresenta inclinação. A dona de casa Ivani Santos, que mora em uma casa de madeira, na companhia de quatro filhos e seis netos, teme pela segurança da família.
“Eu tenho medo que essas pedras possam descer e cair em cima da gente, machucando as crianças. Vai cair tudo e nada vai sobrar. Mas a gente não tem para onde ir, então temos que ficar aqui mesmo”, lamentou.
Apesar do perigo iminente de um deslizamento, mais pessoas continuam a se instalar no local. Ex-moradora de rua, Letícia da Rosa Freitas já começou a construir seu barraco, ainda na fase de fundações. Ela conseguiu um “terreninho” de 6 metros quadrados, à beira de um barranco. “Eu não tinha para onde ir, então vou construir aqui mesmo”, disse Letícia.
Uma representante da subprefeitura da Zona Norte esteve no local para verificar as condições dos imóveis e orientou os moradores a deixarem suas casas e buscarem abrigo em uma escola da região em caso de chuva forte. O Morro São João passou por um processo de desocupação e reflorestamento na década de 1970, mas foi novamente ocupado nos últimos anos.
Edição: Aécio Amado