Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O diretor da empreiteira Andrade Gutierrez e do Consórcio Construtor da Usina Belo Monte, Henrique di Lello, considerou a manifestação da Organização dos Estados Americanos (OEA), cobrando explicações do Brasil sobre a forma como estão sendo conduzidos o licenciamento e os depoimentos relativos à obra “descabida” e “unilateral”, já que nenhum contato prévio foi feito entre o organismo internacional e as empresas responsáveis pela obra.
As informações foram solicitadas ao governo brasileiro pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA, a pedido do Movimento Viva Xingu e de mais 40 entidades. Com a prorrogação do prazo de resposta, anunciada hoje (20), o Brasil terá até o dia 26 de abril para se manifestar.
“Essa situação apontada [pelas entidades que fizeram a solicitação à OEA] não existe e é descabida. Foi uma decisão unilateral [da OEA] porque não houve nenhum contato prévio buscando esclarecer a situação junto às empresas. Em nenhum momento os consórcios [o Norte Energia e o das empresas construtoras da usina] foram procurados por representantes da OEA”, disse di Lello à Agência Brasil.
Ele nega que atrocidades tenham sido cometidas na região e que, a mando das empresas, funcionários estejam coagindo moradores locais a assinar quaisquer documentos. “Isso seria uma burrice. Claro que estamos atentos, até para evitar que funcionários mal informados cometam esse erro”, afirmou.
Di Lello disse também que não tem notícias de atuação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na região. ”Pelo menos aparentemente eles não estão atuando. Se estão lá, estão conseguindo fazer de forma bastante sigilosa. Nós não temos conhecimento disso, mas até que seria muito bem-vinda a presença da Abin nas proximidades da obra, já que o setor de energia é estratégico para o país.”
Edição: Nádia Franco