Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje (19) que vai cobrar da Polícia Federal (PF) denúncias de maus-tratos contra índios. Ele informou quer vai marcar reunião com o diretor-geral do Departamento de Polícia Federal, Leandro Coimbra, para tratar do assunto. A decisão foi anunciada durante reunião com as comunidades indígenas no ministério, que foram recebidas para fazer reivindicações no Dia Nacional do Índio, que se comemora hoje.
Cardozo disse que vai levar para o encontro o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcos Meira, representantes do Ministério Público, e líderes das comunidades indígenas. Durante a reunião, diversos líderes indígenas se queixaram de perseguição, espancamentos e de que são tratados "como bandidos" por policiais.
O ministro da Justiça afirmou que "nenhuma instituição consegue se livrar de forma fácil de preconceitos e abusos de poder, mas não significa que devamos ser complacentes. Quem estiver cometendo abusos tem que ser punido".
O líder indígena Uilton Tuchá reclamou que "a Polícia Federal trata os índios como bandidos e não podemos aceitar isso. A corporação está realizando um trabalho que parece ser uma ação antiterrorista, agredindo inclusive velhos e crianças. Às vezes acontece de juntarem até 100 agentes para prender um simples cacique".
O líder contou a história de um índio que estava pescando e ao ver outro sendo agredido por um policial federal correu para ajudar, empunhando uma faca. O agente baleou sua perna e ele está preso por tentativa de homicídio.
Para a promotora do Ministério Público Débora Augusto, os abusos por parte de policiais federais estão aumentando porque a força está atuando como Polícia Judiciária. Segundo ela, o Ministério Público quer construir um diálogo com o Ministério da Justiça para que a PF tenha uma atuação mais adequada.
Números extra oficiais apontam que há 115 índios presos no país. O Ministério da Justiça está fazendo um levantamento sabre o número certo. A intenção é oferecer apoio a essa população carcerária em conjunto com a Funai.
Edição: Rivadavia Severo