Da Agência Brasil
Brasília – O uso do crack, e a dependência química que ele provoca, bem como os problemas de ordem social e de saúde e o fato dos profissionais de saúde ainda não saberem lidar com a situação são os temas em discussão, hoje (19), no seminário Crack: Construindo um Consenso, que o Conselho Federal de Medicina (CFM) promove em Brasília. O objetivo é formular as bases de um protocolo de assistência integral ao dependente.
De acordo com o vice-presidente do CFM, Carlos Vital, o objetivo é conscientizar e capacitar médicos para lidar com a dependência química e a tratá-la como uma doença que tem consequências, mentais, físicas e sociais.
Segundo Vital, há uma carência de tratamento na área de dependência química. Além disso, são poucos os centros de Atendimento Psicossocial (Caps), o que dificulta o acesso do dependente químico. “O crack atinge uma dimensão continental, [está nos] os centro urbanos e [no] o interior, enquanto os Caps atendem apenas a algumas localidades”, disse. Para ele, é preciso criar uma rede de atendimento eficaz. “O problema deve ser [focado no] o diagnóstico ainda nas emergências dos hospitais”, explicou.
Segundo o consultor da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, José Manuel Bertolete, é preciso uma reorganização das estruturas de atendimento aos usuários e capacitação dos profissionais de saúde de todas as áreas. “Muitas vezes, o médico identifica o caso, mas não sabe o que fazer, pois faltam leitos psiquiátricos para internação do paciente”, observou.
Outra dificuldade no combate ao crack é a falta de dados oficiais sobre o número de vítimas e o perfil dos usuários. Atualmente, há um levantamento em curso, a pedido do Ministério da Saúde. O governo federal enfrenta o problema em duas frentes, repressão à venda com a fiscalização da fronteira e prevenção e tratamento dos usuários.
Para o coordenador do Departamento de Dependência Química da Associação Brasileira de Psiquiatria, Ronaldo Laranjeira, é preciso que criar um sistema de recuperação que trabalhe de forma integrada desde a prevenção até a recuperação do usuário. “O Estado tem que reconhecer que o consumo de crack é um problema de saúde pública, é preciso oferecer atendimento à família e ao usuário”, disse o especialista.
Edição: Lana Cristina