Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio – A psiquiatria infantil da Santa Casa da Misericórdia do Rio e a prefeitura vão criar um grupo de apoio aos alunos que testemunharam o massacre em que 12 colegas foram mortos por Wellington Menezes de Oliveira, na Escola Municipal Tasso da Silveira. A equipe contará inicialmente com 12 psiquiatras, além de voluntários e estudantes da Santa Casa, que vão avaliar as crianças durante um ano.
O chefe do setor de psiquiatria infantil da Santa Casa da Misericórdia, Fabio Barbirato, disse que o serviço começará assim que a Secretaria de Educação der a autorização.
“Quando se trata de transtornos pós-traumáticos, é preciso um intervalo de tempo para avaliar os sintomas, que começam a se apresentar entre dois e seis meses. Quando os sintomas persistem, isso deixa de ser luto e se torna realmente um transtorno. Queremos, a partir desse momento, uma avaliação periódica e, quando necessário, [as crianças] serem atendidas”.
Hoje (15) pela manhã, o psiquiatra americano Timothy Brewerton deu uma palestra na Santa Casa da Misericórdia e observou que é muito importante que as crianças que sofreram o trauma voltem o mais rápido possível à rotina e que os pais devem ouvir seus filhos e tentar identificar suas reais necessidades.
Brewerton ajudou no atendimento dos sobreviventes do massacre de Columbine, nos Estados Unidos, onde dois alunos mataram 13 colegas e feriram 21, em 1999.
“Temos, hoje, tratamentos muito eficazes, tanto com terapia quanto com medicamentos para ajudar crianças e familiares que experimentam esse tipo de trauma, mas é fundamental que os pais deem muito suporte, carinho e façam a criança se sentir protegida e segura. Talvez valha a pena que o pai vá a escola com o filho e fique lá com ele um tempo”.
Barbirato informou que já existe um convênio entre a Associação Brasileira de Psiquiatria e o governo do estado, marcado para começar a ser implementado em julho, com orientações e palestras para pais e professores sobre como tratar distúrbios pós-traumáticos.
A Santa Casa da Misericórdia, por meio da área de psiquiatria infantil, estuda ainda assinar convênio com a Academia Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente para a criação de um centro que atenda a crianças que sofram de violência, num trabalho de prevenção.
“Não se trata de identificar o problema, mas de avaliar a evolução do problema. Se vai haver ou não o transtorno na infância”, explicou Barbirato. A ideia surgiu nesta semana, durante a visita do presidente da academia, Thomas Anders, que está no Brasil com uma equipe de oito psiquiatras e um psicólogo norte-americanos para conhecer o trabalho desenvolvido por instituições brasileiras na área da psiquiatria infantil.
Segundo Barbirato, Anders se interessou pelo trabalho desenvolvido pela Santa Casa na área de identificação de distúrbios mentais na pré-escola e de treinamento para o tratamento de estresse pós-traumático.
Edição: Lana Cristina