Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou hoje (14) o lançamento, até o final do mês, de um gabinete de gestão integrada em parceria com o governo do Paraná para aumentar o policiamento na fronteira e combater a entrada de armas no Brasil.
A iniciativa surge paralelamente à Campanha do Desarmamento, antecipada para maio, depois do ataque à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, quando 12 crianças foram mortas por um ex-aluno, no último dia 7.
De acordo com o ministro, o gabinete de gestão no Paraná vai integrar forças como as polícias Rodoviária Federal e Federal, as Forças Armadas e a polícia estadual, além da Receita Federal, dando "sinergia" ao combate ao crime.
Cardozo explicou que a Campanha do Desarmamento é uma das estratégias para enfrentar a violência e o crime organizado, mas que uma "política global" para impedir ilegalidades nas fronteiras está sendo estruturada em parceria com os estados brasileiros e as nações vizinhas.
Acordos nesse sentido foram assinados recentemente com a Bolívia. A próxima etapa será uma reunião entre os governos do Brasil e do Paraguai e dos estados do Paraná e de Mato Grosso do Sul. "Estamos buscando um aperfeiçoamento das relações com os estados estrangeiros", disse Cardozo.
O ministro reconhece que não há policiais suficientes para patrulhar toda a fronteira brasileira, mas diz que é possível integrar as polícias, investir em serviços de inteligência policial e em tecnologia e lembrou do uso de veículos aéreos não tripulados (Vants), que começa em alguns meses.
"O desarmamento é uma das formas de atacar o problema, não a única. Insere-se aí uma politica mais global contra a violência e o crime organizado para, portanto, combater situações tristes como essa que vimos", afirmou Cardozo, após palestra na Academia Brasileira de Filosofia, no Rio.
Perguntado sobre a arrecadação de munições para a Campanha do Desarmamento, que comprará armas de cidadãos, o ministro disse que o tema ainda não foi discutido pelo comitê organizador da campanha, que tem reunião marcada para a próxima segunda-feira (18).
"Temos que resolver, tanto do ponto de vista jurídico, se existe essa possibilidade [de indenização em troca das munições] pela legislação em vigor, quanto do ponto de vista técnico. A questão de adquirir a munição, da destruição, é um pouco diferente da das armas", esclareceu.
Edição: Nádia Franco