Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Brasil, Rússia, Índia e China, emergentes que compõem o acrônimo Bric, e África do Sul, não formam nenhum bloco econômico ou união aduaneira e são totalmente diferentes entre si, mas têm em comum o “dinamismo interno de cada economia e o desejo de articular uma arquitetura global mais favorável à inserção” deles no mundo globalizado. Esse é o diagnóstico do estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) sobre Relações Comerciais e de Investimentos do Brasil com os Demais Países do Brics (já incluindo no acrônimo a letra S de South Africa), apresentado pelos pesquisadores André Calixtre e Flávio Carneiro.
Calixtre disse que a interação entre os países emergentes ganhou mais impulso na última década, e fez-se sentir mais significativamente durante e depois da recente crise financeira mundial. Ele afirmou que quase dois terços do crescimento da demanda global, em 2008 e 2009, foram garantidos pelo Brics, com maior participação da China (40%), seguida por Índia (12,5%), Rússia (6,3%), Brasil (3,5%) e África do Sul (0,7%).
De acordo com o Ipea, a presença desses países também aumentou como receptores de investimentos estrangeiros diretos (IED) no setor produtivo, absorvendo atualmente cerca de 20% do IED global. Mais recentemente, eles passaram também a intensificar o processo de internacionalização de suas empresas, ampliando investimentos no mundo.
No que se refere ao comércio mundial, o Ipea salienta a participação crescente do Brics no conjunto das negociações ao se responsabilizar por 15,7% das importações em 2009 e por ter garantido 17,9% das exportações totais. O comunicado do Ipea destaca, porém, que, tanto na demanda quanto no comércio e no investimento, a participação chinesa tem sido mais dinâmica.
Nesse particular, Calixtre afirmou que “a China representa claramente a locomotiva”, não apenas para o crescimento global, mas também em relação aos demais países do Brics, e isso tem “implicações profundas” sobre a estabilidade do grupo. No seu entender, as pretensões individuais e as grandes assimetrias entre os países são limites naturais às relações internacionais, e estas precisam ser mais bem explicitadas e discutidas no âmbito do Brics.
Edição: Vinicius Doria