Senadores visitam Central Nuclear de Angra e constatam precariedade da Rio-Santos como rota de escape

08/04/2011 - 16h44

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A instabilidade das encostas da Rodovia Rio-Santos (BR-101), no trecho que passa pelo município de Angra dos Reis, foi a principal preocupação dos senadores que integram a Comissão Temporária Externa do Senado. Eles estiveram hoje (8) na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, que reúne as usinas Angra 1 e 2, em operação, e Angra 3, em fase de construção, e viram de perto que a rodovia não oferece segurança como rota de escape para a população em caso de acidente nuclear.

“Não há uma outra rota para evacuar a população que não seja pela BR-101. E ela vive constantemente sendo interrompida pelos desmoronamentos. Em qualquer chuva, na BR-101 há desmoronamentos. Então, esse é o ponto mais sensível”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Apesar disso, a primeira impressão dos senadores que visitaram a Central Nuclear, segundo Farias, é que “do portão para dentro, as usinas (Angra 1 e 2) têm de fato um padrão de segurança elevado”.

Ainda hoje, o grupo vai conversar com a população sobre treinamento para uma eventual necessidade de evacuação. O senador fluminense espera apresentar o relatório sobre a visita às usinas nucleares em 15 dias. “A gente espera que o governo federal e a Eletronuclear tomem posições muito objetivas para resolver esse problema que nós encontramos aqui”.

Farias recordou que todos os países estão discutindo o seu programa nuclear depois da tragédia ocorrida em Fukushima, no Japão, cuja costa Nordeste foi devastada por um terremoto seguido de tsunami no dia 11 de março passado. Essa discussão, acrescentou, é feita “à luz da questão da segurança pública”.

Além Lindbergh Farias, a comissão é formada pelos senadores Jorge Viana (PT-AC), Delcídio Amaral (PT-MS), Edson Lobão Filho (PMDB-MA), Cyro Miranda (PSDB-GO), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Eduardo Braga (PMDB-AM) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).

A visita dos senadores poderá exercer pressão para que “algumas coisas, que ainda não aconteceram, venham a acontecer”, disse à Agência Brasil o vice-presidente da Câmara de Vereadores de Angra dos Reis, Antonio Cordeiro.

Para ele, um dos temas prioritários para tratar com os senadores é sobre o depósito definitivo de rejeitos atômicos, que ele defende seja instalado no próprio município de Angra. O vereador também tem a expectativa que, a partir da visita dos parlamentares, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) “se empenhe mais quanto à duplicação da Rodovia Rio-Santos, porque eu acho que conserto é uma coisa paliativa”.

Além disso, Cordeiro ressaltou a necessidade de mais investimentos na questão do plano de emergência que, segundo ele, “funciona”. A Eletronuclear já anunciou a intenção de construir novos cais na Baía da Ribeira e na Praia Brava, para facilitar a retirada das pessoas por mar, em caso de acidente.

Os vereadores pedem também a reabertura e melhoria da Estrada Paraty-Cunha (RJ-165), que está fechada desde dezembro por causa das chuvas, e pode ser mais uma opção de fuga para a população. Cordeiro reiterou que a visita dos senadores “pode ajudar a pressionar os órgãos para que façam com que esses projetos aconteçam com maior rapidez”.

 

Edição: Aécio Amado