Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A tecnologia do asfalto-borracha, que o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER-RJ) está aplicando em um projeto piloto na RJ-122, é uma novidade parcial, porque a mistura de asfalto com pó de pneu moído já é feita e comercializada há cerca de oito anos por várias empresas no Brasil.
A informação foi dada hoje (5) à Agência Brasil pela coordenadora de Misturas Asfálticas do Laboratório de Geotecnia da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Laura Motta.
A diferença é que a tecnologia adotada pelo DER processa a mistura na hora da própria aplicação do produto na pista, enquanto as outras misturas são feitas previamente.”Há mais de 8 mil quilômetros aplicados no Brasil, utilizando a mistura prévia”, disse Laura.
De acordo com a especialista da Coppe, o asfalto-borracha é uma tecnologia boa, já usada com sucesso em outros países. O consumo de pneus inservíveis para a obtenção do pó de borracha é uma das vantagens, porque “vai melhorar o meio ambiente e também o asfalto”.
Laura questionou, entretanto, a redução da espessura do asfalto para compensar o custo da adição de pó de pneu à mistura. O DER estima que o custo do asfalto-borracha é até 40% mais baixo porque as dimensões do pavimento asfáltico são menores.
“No meu ponto de vista, isso não é correto. A gente tem que lutar para fazer pavimentos duráveis e não ficar diminuindo a espessura para ter o mesmo tempo de vida curto que outros (asfaltos) têm. Tecnicamente, o que a gente tem que buscar é maior durabilidade e não diminuir a espessura”, afirmou Laura.
Ela disse que, eventualmente, se pode reduzir a espessura do asfalto, mas “não em qualquer situação cair à metade. Isso não tem justificativa técnica”. Segundo Laura, a compensação de valor não pode ser feita diminuindo a espessura do asfalto.
De acordo com ela, o emprego do asfalto-borracha é justificável, “mas não em todas as obras”. Dependendo das condições, ele pode aumentar a vida útil do pavimento, mas também há casos de insucesso, alertou ela.
A Coppe já fez pesquisas para uso de garrafas PET em misturas de asfalto. Laura considero o resultado como “promissor”.
Outros resíduos industriais podem ser usados para melhorar e baratear o pavimento, não só na capa de asfalto, mas também na base. Entre eles, ela citou entulhos de obras (resíduos de construção e de demolição), cinzas de carvão e de queima de lixo e escória de aciaria. Também podem ser adicionados ao asfalto com vantagens as argilas e solos especiais.
Edição: João Carlos Rodrigues