Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A disparada dos preços dos combustíveis em todo o país não deve se sustentar e a tendência é a redução do valor, embora acima do patamar registrado em 2010. A avaliação foi feita hoje (5) à Agência Brasil pelo presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda Soares.
Ele credita ao valor do álcool anidro, misturado na proporção de 25% à gasolina comum, os reajustes feitos em todo o país nas últimas semanas. “O preço da gasolina pura, na refinaria da Petrobras, está estável. Há pelo menos um ano e meio, ela não faz reajuste de preço. O valor sobe em função do álcool anidro misturado, que já subiu mais de 100% do ano passado até março.”
O presidente da Fecombustíveis afirmou que o preço da gasolina deverá chegar em dezembro a menos de R$ 3, valor que já está sendo cobrado em alguns postos de combustíveis pelo país. “Aposto que vai chegar no final do ano abaixo de R$ 3. A partir de abril, 80% das usinas já vão estar iniciando o processamento da safra. Assim que aumentar a oferta do produto, o álcool anidro deve baixar de preço e consequentemente a gasolina deve começar um processo de redução no valor.”
No entanto, Soares não crê que os preços dos combustíveis voltem aos níveis do ano passado. “Não acho que vai voltar aos patamares de meados de 2010, porque a produção de álcool no Brasil não acompanhou o crescimento do mercado. Não vamos chegar aos preços do ano passado, mas com certeza absoluta os preços vão baixar.”
Soares afirmou não ver qualquer influência da crise no Oriente Médio no aumento dos combustíveis no Brasil. “Até agora, não há nenhuma influência. O preço do barril de petróleo está subindo, já está em US$ 108, mas não teve influência no preço que a Petrobras realiza no mercado interno. Esta subida na gasolina se dá exclusivamente em função da produção do álcool, que não está atendendo à demanda.”
“Não acredito nessa possibilidade [de alta de combustíveis]. A Petrobras é autossuficiente em petróleo e já consegue atender à demanda nacional. A decisão é política. O governo leva em conta o que isso geraria nos índices de inflação. Até este momento, não vejo por parte do governo interesse em mexer no preço, porque a Petrobras deve entender que a crise é passageira. Assim que terminar o conflito na Líbia, a tendência é voltar aos preços normais.”
Segundo a última pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), referente ao período de 27 de março a 2 de abril, o preço médio do litro da gasolina no país era de R$ 2,714 e o do etanol, de R$ 2,296. O valor médio mais alto da gasolina foi registrado no Centro-Oeste, de R$ 2,891, e o menor no Sudeste, R$ 2,670. O etanol teve o maior valor médio no Sul, de R$ 2,406, e o menor no Nordeste, R$ 2,112.
Edição: João Carlos Rodrigues