Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Ministério da Agricultura vai dar continuidade este ano às medidas de apoio à cotonicultura brasileira, dentro da estratégia de expansão do setor. O coordenador-geral da Área de Fibras e Oleaginosas do ministério, Sávio Rafael Pereira, disse que o apoio ocorrerá em dois eixos.
O primeiro é como suporte de preços mínimos, que foi muito ativo de 2006 a 2009. “No caso do algodão, nós mantivemos uma produção forte nos últimos anos graças ao apoio da política de preços mínimos. Em 2009, o ministério pagou diretamente aos produtores do setor R$ 550 milhões. “Isso foi dinheiro na veia”. Em 2008, foi mais ou menos o mesmo valor, disse.
O apoio do ministério aos cotonicultores se dará também por meio do financiamento ao custeio, segundo Rafael Pereira. “Isso deve continuar. Os produtores podem tomar financiamento até R$ 600 mil, com taxa de juros do crédito rural, que é muito privilegiado, de 6,75% ao ano”.
Além disso, como se trata de uma cultura muito mecanizada, que depende de grandes investimentos em máquinas, os produtores, segundo ele, dispõem de linhas de financiamento de longo prazo específicas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Entre elas, citou o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), voltado aos produtores rurais que se enquadrem como beneficiários do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
O Programa de Sustentação de Preços Mínimos apoiou a cultura do algodão nos momentos de crise do setor. Entre 2006 e 2009, foram aportados pelo governo R$ 1,5 bilhão na sustentação de preços do algodão, para enfrentar os preços baixos do mercado. “A oferta começou a cair muito. O governo ajudou o setor a passar por esse período e, agora, nós tivemos uma explosão de preços porque teve uma redução de oferta, principalmente dos Estados Unidos, que reestruturou sua produção. E nós tivemos seis anos seguidos de produção inferior ao consumo”.
O fenômeno ocorreu em todo o mundo. Isso fez com que os estoques fossem sendo reduzidos de forma acentuada. De abril para cá, os preços no mercado externo duplicaram e triplicaram no mercado doméstico, informou Pereira. “É como se nós estivéssemos colhendo os frutos dos ajustes feitos no passado”.
Segundo ele, o Brasil passou por uma verdadeira revolução em termos de produção de algodão. Até meados da década de 1990, a produção se concentrava no Sul do país, em pequenas empresas, com colheita manual e baixa produtividade. Com a reestruturação promovida a partir de 1990, com a liberação do mercado, a área plantada foi deslocada para a Região Centro-Oeste. E o Brasil passou, nos últimos 12 anos, da posição do segundo maior importador mundial, com quase US$ 1 bilhão importados para a indústria têxtil, para a terceira posição no ranking dos maiores exportadores internacionais.
A expectativa é que o Brasil exporte mais de 600 mil toneladas na atual safra. Em termos de valor, a exportação de algodão em 2011 deverá gerar divisas para o país da ordem de US$ 2 bilhões, o que representará o dobro do montante registrado no ano passado, que superou US$ 800 milhões. “Isso é inusitado”, disse. A área plantada aumentou 65% somente de 2010 até hoje, acrescentou.
Sávio Pereira disse ainda que a situação é favorável para o produtor nacional de algodão, graças ao fortalecimento da demanda da Ásia. Destacou que o produtor nacional é, atualmente, o mais sofisticado produtor agrícola do mundo em termos gerenciais, técnicos e de produtividade. “Só para se ter uma ideia, a produtividade de algodão do Brasil é quase 70% superior à dos Estados Unidos. O Brasil hoje tem a maior produtividade do algodão sequeiro, que não é irrigado”.
Edição: Aécio Amado