Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A presença do presidente norte-americano, Barack Obama, deve alterar a rotina do centro do Rio de Janeiro no próximo domingo (20). De acordo com a Embaixada dos Estados Unidos, ele fará um discurso, aberto ao público, na Praça da Cinelândia.
A menos de uma semana da chegada de Obama, no entanto, a prefeitura carioca não divulgou o esquema especial para receber o estadista, mas é provável que, por medida de segurança, todas as ruas transversais à Avenida Rio Branco, entre as avenidas Presidente Vargas e Beira-Mar, sejam interditadas.
Ontem (14), o prefeito do Rio, Eduardo Paes, reuniu-se com o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, para acertar os detalhes da visita. Sem saber ainda se terá que fechar as portas durante o evento, o espanhol José Lourenzo Lemos, dono do tradicional Amarelinho, único restaurante que costuma funcionar aos domingos na região, disse estar ansioso para ver de perto o presidente americano.
“Até agora, não recebi nenhum comunicado informando se terei que fechar as portas, então acho que vou abrir. Estou preparando um esquema especial, com reforço no número de garçons porque deve aumentar muito o movimento”, afirmou.
Segundo Lourenzo, que vive há 50 anos no Brasil e tem o restaurante no local desde 1970, assistir ao discurso de Obama será um marco. Ele contou que também presenciou diversos outros momentos históricos que tiveram a Cinelândia como palco.
Foi lá, por exemplo, que, em junho de 1968, ocorreu a Passeata dos 100 Mil, protesto histórico pelo fim da ditadura militar. No mesmo local, em março de 1984, cerca de 200 mil pessoas se uniram na campanha Diretas Já, pelo voto direto. No mesmo ano, 1 milhão de brasileiros marcharam da Cinelândia até a Igreja da Candelária, na avenida Presidente Vargas, com o mesmo objetivo.
No ano passado, o local voltou a ser palco de uma manifestação política, quando, em março, o governo do estado do Rio convocou a população para protestar contra a mudança nos critérios de distribuição dos royalties do petróleo. O evento reuniu 200 mil pessoas.
De acordo com historiadores, a Praça da Cinelândia, cujo nome original é Marechal Floriano, ganhou esse apelido porque passou a concentrar, a partir da década de 1920, diversas salas de cinema. Atualmente, apenas um deles ainda funciona, o Cine Odeon. Com 600 lugares, este foi o último dos grandes cinemas construídos no local, em 1932.
Na praça e em seus arredores, também estão instalados alguns dos principais edifícios históricos do Rio. Entre eles, o Theatro Municipal, que completa 102 anos neste ano. Por causa da visita de Obama, a abertura da temporada do teatro deste ano, com o concerto da série Música e Imagem – Metrópolis, marcada para a próxima sexta-feira (18), foi transferida para segunda-feira (21). Os ingressos comprados para sexta-feira serão transferidos automaticamente para terça-feira (22). Os de sábado (19) valem para quarta-feira (23).
A rotina da Biblioteca Nacional, que fica na Avenida Rio Branco, não será alterada já que não abre aos domingos. E o Museu Nacional de Belas Artes informou que deve abrir normalmente, pois ainda não recebeu nenhuma orientação da prefeitura sobre seu funcionamento no próximo domingo.
A embaixada norte-americana não revelou a estimativa de público nem o esquema de segurança que está sendo montado para o evento. A assessoria de imprensa do Ministério de Relações Exteriores, em Brasília, informou que, durante a visita à capital fluminense, a comitiva do presidente norte-americano será escoltada por agentes da Polícia Federal, por motociclistas das Forças Armadas e também pela Polícia Militar do Rio.
Edição: Lana Cristina