Senado vai debater crise nos países muçulmanos para identificar consequências no Brasil

01/03/2011 - 11h36

Marcos Chagas e Renata Giraldi
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado deve promover um ciclo de debates para avaliar a crise política nos países muçulmanos, bem como as repercussões políticas e econômicas ao Brasil. O requerimento é de autoria do presidente do órgão, Fernando Collor (PTB-AL), e será votado na reunião de quinta-feira (3). Segundo ele, o objetivo é compreender os efeitos globais causados pelos protestos no Norte da África e no Oriente Médio. Caso não haja quórum, a matéria deve ser apreciada na sessão do dia 17 de março.

Collor quer convidar professores universitários, especialistas nas áreas de ciência política, economia, relações internacionais, defesa e informações, além de integrantes do meio empresarial, imprensa, organizações de classes e representantes de missões diplomáticas. Desde janeiro, uma série de protestos atingiu países do Norte da África e do Oriente Médio.

Na Tunísia, as manifestações levaram à saída do então presidente Ben Ali, enquanto no Egito o também então presidente Hosni Mubarak abriu mão do poder depois de mais de duas décadas no governo. A crise se acentua agora na Líbia onde desde o dia 15 há manifestações apelando pela renúncia do líder Muammar Khadafi. A comunidade internacional pressiona para que ele deixe o poder impondo sanções e congelamento de bens.

“Instalaremos assim um fórum de debates, um núcleo de altos estudos, que complemente o trabalho institucional da comissão e também sirva para provocar a discussão de temas diplomáticos e militares pela sociedade brasileira”, afirmou Collor aos senadores na análise que fez do requerimento.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional apresentou uma série de perguntas que julga pertinentes para o esclarecimento do assunto. Collor quer saber, por exemplo, se os serviços de informações de países como a Líbia, o Iraque, Irã, Marrocos, Bahrein e Egito foram surpreendidos pela série de manifestações populares.

Nesse caso, Collor levanta a dúvida se a capacidade de resposta dos governos – atingidos pelos protestos – foi prejudicada pela falta de informações adequadas e se os governantes não detectaram, também, o grau de desgaste se suas legitimidades.

Para o presidente da comissão, é fundamental ainda responder a algumas questões pontuais e pragmáticas. Collor quer detalhar as consequências da instabilidade política na produção do setor energético e os efeitos para os países que importam petróleo dessas regiões.

Segundo Collor, também é essencial responder sobre o papel da internet e das redes sociais no processo de manifestações tanto no Norte da África quanto no Oriente Médio, assim como identificar sua função exata no apelo para a convocação dos protestos e divulgação de informações.

Edição: Talita Cavalcante