Leste da Líbia está sob controle da oposição

23/02/2011 - 15h48

Da Agência Lusa

Brasília – O Leste da Líbia está sendo governado por comitês locais de oposição ao regime de Muammar Khadafi, que "já nem controla toda a cidade" de Trípoli, capital do país, disse hoje (23) um oposicionista líbio no exílio.

"Neste momento, na parte oriental do país, cidades como Benghazi, Tobruk e Derna têm comitês locais, formados por cidadãos que as administram”, informou o secretário-geral da Frente Nacional para a Salvação da Líbia (FNSL), Ibrahim Abdulaziz Sahad, em entrevista telefônica dos Estados Unidos.

“Creio que [quando Khadafi sair] poderá ser formado um governo a partir desses comitês locais”, acrescentou. "Não creio que vá haver uma guerra civil.”

De acordo com Sahad, a rebelião contra o regime de Khadafi tem apoio de “muitas unidades do Exército”, que “se juntaram ao povo”.

“Khadafi mandou aviões e fragatas para bombardear Benghazi [segunda maior cidade do país e principal foco da contestação ao regime], mas as tripulações recusaram seguir as ordens dele”, diz.

Segundo Sahad, o presidente líbio só conta com o apoio de “algumas unidades” das forças de segurança e de “mercenários do Chade, do Mali, do Sudão e da Nigéria”.

O líder da FNSL indignou-se com as declarações de hoje do vice-ministro líbio dos Negócios Estrangeiros, segundo o qual a Al Qaeda estabeleceu “um emirado islâmico” na cidade de Derna. “Isso é um disparate! É uma pura mentira! Não há Al Qaeda nenhuma na Líbia! Nem em Derna nem em lado nenhum!”, disse Sahad. “A Líbia é um país onde não se encontram extremistas [islâmicos]. O único extremista é o que está no poder.”

Sahad queixou-se da passividade da Europa e dos Estados Unidos perante a repressão às manifestações contra o regime de Khadafi. Ele disse ainda que a FNSL tem estado em contato com membros do Congresso americano e com parlamentares europeus, pedindo que denunciem a repressão dos protestos como “crimes contra a humanidade”.